Série: Animo, uma nova Catequese (Jesus Cristo – Complemento 5)
Imagine a cena:
Você teve um amigo assassinado, e por alguma circunstância teme pela sua própria vida, mas mesmo assim você não sai da cidade, ao contrário fica escondido com mais alguns amigos que também tem medo. Todos os movimentos fora da casa te deixam apreensivos, você acha que a qualquer momento alguém vai invadir a casa e tudo estará perdido. De repente entra uma mulher correndo e diz que o corpo do seu amigo sumiu de onde deveria estar. Você não pensa duas vezes e dispara correndo até o local, nem percebe que tem mais pessoas com você e se depara com o local onde o corpo deveria estar vazio. O que aconteceu?
Foi mais ou menos isso o que ocorreu com Maria Magdalena e também com Pedro e os discípulos que correram até o local onde Jesus Cristo deveria estar sepultado. Eles nem se lembraram das palavras do próprio Cristo que anunciara várias vezes que voltaria dos mortos.
Mas como isso pode ter acontecido?
O maior dos mistérios de Deus
Até hoje existem controvérsias sobre o que realmente aconteceu naqueles dias e como isso ficou marcado na história do mundo até nossos tempos. Basta pensarmos que até a contagem dos anos passou a ser antes e depois de Cristo, dada a tamanha importância deste homem, que eu acredito sim ser o Filho de Deus.
São Paulo que jamais conheceu Jesus pessoalmente escreveu a comunidade de Corinto:
“Se Cristo não foi ressuscitado, nós não temos nada para anunciar e vocês não tem nada para crer(…) Se Cristo não foi ressuscitado, a fé que vocês tem é uma ilusão (…) Se Cristo não ressuscitou, os que morreram crendo nele estão perdidos (…) Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo.”
Já parou para pensar friamente nisso?
Toda a nossa fé é baseada na história de Cristo e principalmente na sua ressurreição, pois a partir é construído todo o cristianismo (no início chamado de Nazarenos) e é nesta base que é erguida a Igreja Católica.
Ao contrário do que querem dizer alguns irmãos de outras denominações a Igreja Católica Apostólica Romana segue um Deus vivo na figura do Pai, Filho (Jesus Cristo vivo e ressuscitado, elevado aos céus) e Espírito Santo. A trindade santa de um Deus uno. Nosso Jesus não é o da cruz, mas também é o da cruz pois serve para nunca esquecermos até onde fomos condenando o próprio Deus na figura do filho. Por isso é hora de deixar a hipocrisia de lado e saber que O Jesus Cristo da Igreja Católica está vivo e foi elevado aos céus de corpo e alma.
Ícone da Santíssima Trindade por Claudio Pastro
O que acontece com o corpo quando a pessoa morre
Jesus sofreu torturas desde o momento em que foi preso pelos guardas do templo, e nas mãos dos romanos também foi castigado e humilhado. A morte na cruz também á algo extremamente doloroso e agonizante, não foi rápida nem indolor, pelo contrário foi muito pior do que qualquer filme ou pintura pode mostrar. Inimaginável.
Mas quando a pessoa morre imediatamente o corpo começa a se decompor. Vou enumerar o que acontece abaixo:
1 – Suas células ficam abertas
Da mesma forma que a digestão começa assim que você coloca um alimento em sua boca, a decomposição é um processo que tem início minutos depois da morte. Logo após seu coração resolver parar de bater, a temperatura do seu corpo vai cair quase 10 °C em um intervalo de uma hora até ficar em temperatura ambiente. O sangue fica mais ácido, o que faz com que as células se abram e enviem todas as suas enzimas para os tecidos, que começam um processo de autodigestão.
2 – Você fica branco e roxo
E isso acontece graças aos efeitos da gravidade, que fazem com que o sangue do corpo siga para as áreas mais próximas ao chão – isso acontece porque não existe mais circulação sanguínea. O resultado dessa descontinuidade de fluxo sanguíneo é uma coleção de manchas roxas sobre as regiões mais baixas do seu corpo. Essas manchas são chamadas de “livor mortis” e, quando médicos legistas as estudam, conseguem saber a hora exata em que uma pessoa morreu.
3 – Seus músculos contraem
Seu corpo começa a ficar mais rígido após quatro horas de morte, atingindo pico de rigidez doze horas depois e perdendo essa característica após 48 horas. Isso acontece porque há bombas em nossas membranas musculares que regulam cálcio e, quando essas bombas param de trabalhar em decorrência da morte, o cálcio inunda as células, fazendo com que os músculos se contraiam e fiquem enrijecidos.
4 – Seus órgãos vão se auto digerir
Depois dos processos citados acima, seu corpo vai entrar em estado de putrefação, que é, basicamente, a decomposição total. Enzimas do seu pâncreas vão fazer com que o órgão de auto degenere e, enquanto isso, micro-organismos vão atacar essas enzimas, deixando seu corpo com uma coloração verde a partir do umbigo. O fato é que todo ser humano vive um relacionamento sério com aproximadamente 100 trilhões de bactérias durante a vida – essas bactérias, na maioria das vezes, usam nosso corpo como moradia e não nos causam problemas. Porém, quando elas são os únicos vestígios de vida, fazem a festa e acabam, literalmente, conosco. É graças a elas e à capacidade que elas têm de liberar as enzimas putrescina e cadaverina que um corpo morto não tem um cheiro muito agradável.
Pela ação das bactérias, os órgãos desprendem-se da estrutura do corpo e desmancham. Os que se decompõem mais rápido são os pulmões (que têm tecidos finos), os intestinos (que já possuem bactérias que ajudam na digestão) e o pâncreas (cujas enzimas agem na decomposição). Um dos que mais demoram é o fígado, pois ele é um dos maiores órgãos do corpo humano.
5 – Você pode virar cera
Depois da putrefação, não demora para que seu corpo se transforme apenas em esqueleto. No entanto, alguns corpos – especialmente aqueles que entram em contato com água ou terra gelada – podem desenvolver o que é conhecido como adipocere, um material adiposo formado nos tecidos do seu corpo, atuando como um conservante natural dos órgãos, fazendo com que você demore muito mais para apodrecer totalmente. É possível que, por algum tempo, depois de morto, você pareça um boneco de cera.
Agora pense um pouco:
Jesus morreu e ficou três dias morto, então aconteceu praticamente tudo que escrevi acima com seu corpo. Para que Jesus pudesse ressuscitar todos os órgãos, o sangue, o tecido e a temperatura do corpo teve que voltar ao seu estado anterior, de quando ele estava vivo. Apenas um ato de Deus poderia traze-lo de volta a vida, e foi o que aconteceu.
Impossível? Talvez. Não se você tiver falando de fé. Afinal o próprio Jesus trouxe alguém a vida depois de 4 dias morto e já sepultado, é só ver a história de Lázaro narrada no Evangelho de João (Jo 11, 1-48)
Uma nova Páscoa
Foi a ressurreição de Jesus, apesar de todos os prodígios que já havia realizado que deu a certeza a seus seguidores de que ele era realmente o filho de Deus. Para que tudo fosse ainda mais confirmado, Jesus faz sua ascensão aos céus na frente de todos os seus seguidores após o Pentecostes onde os Espírito Santo é dado a todos que tiveram fé. Até Tomé acostumado a só acreditar se visse, ou tocasse teve que crer pois seus olhos testemunharam aquele fato extraordinário e único.
Com a ressurreição e a entrega da missão a cada um dos discípulos e seguidores começou realmente todo o movimento cristão e com a inclusão do antes perseguidor de nazarenos Saulo, transformado em Paulo e um dos maiores propagadores da fé em Cristo, seguindo a máxima dos que , como nós, acreditam sem ter visto, que a igreja de Jesus foi tomando forma até se tornar religião do Império Romano e depois a maior religião do mundo.
Afinal Jesus foi um rei messiânico, que libertou o povo cativo, só que não quis derramar uma gota de sangue que não o próprio. O messias esperado e anunciado por Isaías que veio salvar a todos, anunciando sua volta um dia (assunto para um artigo próximo).
Nossa fé, toda ela é baseada na passagem do Deus feito homem pela terra. Jesus não foi um profeta, um pregador, um líder ou um personagem fictício. Jesus é real e ainda vive no céu, de onde se prepara para voltar a terra e levar aqueles que realmente tem fé. Por isso a perseverança é nosso lema.
Jesus Cristo, nasceu e viveu para nos colocar no caminho de Deus. Fez milagres, e um milagre não é um ato isolado e passageiro, mas sim algo duradouro e definitivo. Curou pessoas, e vale salientar que estas pessoas não estavam apenas doentes fisicamente, mas também estavam doentes espiritualmente, pois assim que creram em Jesus foram curadas. Um exemplo é o servo do rei que veio procurar Jesus pois seu filho estava praticamente morto, e Jesus apenas perguntou da fé deste homem e sem tocar na criança, mas enviando um pai que acreditava fez o milagre que tanto este homem ansiava (Jo 4, 47-54). Também teve a cura do servo do centurião romano (um soldado) que acreditava em Jesus (Lc 7, 1-10) Tudo pela fé real da pessoa. Mais do que o gesto, é a fé das pessoas que cura, e esta fé está intimamente ligada a algo maior, ligada a figura de Jesus Cristo, que ressuscitou apenas para poder voltar ao céu, e também para que aqueles que ainda tinham dúvidas pudessem ter a certeza de que aquele não era um homem, não era um simples ser humano, mas sim o próprio Deus.
Tem um Rap que diz:
Eu sou Católico Apostólico Romano e meu Deus é está vivo para sempre.
Narrativa bíblica
Epístolas paulinas (Cartas de São Paulo)
Os mais antigos registros escritos da morte e ressurreição de Jesus são as cartas de Paulo, que foram escritas por volta de duas décadas após a morte de Jesus e mostram que, neste período, os cristãos acreditavam firmemente no evento. Alguns estudiosos acreditam que elas tenham incorporado credos e hinos primitivos, escritos apenas uns poucos anos após a morte de Jesus e originados na comunidade cristã de Jerusalém. Estes credos, mesmo inseridos nos textos do Novo Testamento, são uma fonte importante sobre este período do cristianismo primitivo (vide abaixo):
- «acerca de seu Filho (que veio da descendência de Davi quanto à carne, e que foi com poder declarado Filho de Deus quanto ao espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos), Jesus Cristo nosso Senhor» (Rm 1, 3-4).
- «Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu Evangelho» (II Tm 2,8).
- «Pois eu vos entreguei primeiramente o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que foi ressuscitado ao terceiro dia segundo as Escrituras e que apareceu a Cefas e então aos doze. Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte permanece até agora, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;» (I Cor 15,3-7).
Estas aparições neste último credo incluem aquelas aos membros mais proeminentes entre os seguidores de Jesus e, posteriormente, da igreja de Jerusalém, incluindo Tiago, irmão de Jesus, e os apóstolos, nomeando apenas Pedro (Cefas). O credo também faz referências a aparições para pessoas cujo nome não é citado. Hans Von Campenhausen e A. M. Hunter afirmaram, separadamente, que o texto deste credo cumpre os rigorosos critérios de historicidade e confiabilidade de origem.
Evangelhos
Os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e o de João mostram algumas versões diferentes até entre si da narrativa da descoberta do túmulo vazio de Jesus. Marcos e Lucas falam de 3 mulheres, mas uma delas é diferente nos dois casos. Um fala de Salomé e o outro diz que foi Joana. Mateus diz que foram apenas 2 mulheres, ignorando tanto Salomé como Joana. João fala apenas de 1 mulher que seria Maria Madalena (ou Maria de Magdala como alguns traduzem). O fato é que todos não negam que Maria Madalena foi uma das primeiras a descobrir o túmulo vazio. Isso mostra como Maria Madalena fazia parte do círculo quase fechado de discípulos de Jesus, pois ela tinha acesso até aos mais próximos do mestre. Futuramente vou postar algo sobre isso.
Marcos
Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao sabbath, três mulheres, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé, foram ungir o corpo de Jesus imaginando como é que conseguiriam rolar a pesada pedra que fechava o túmulo. Porém, elas a encontraram já rolada e viram um jovem sentado no túmulo que lhes contou que Jesus havia ressuscitado e que elas deveriam contar para Pedro e os apóstolos que Ele iria se encontrar com eles na Galileia, “como havia prometido”. As mulheres correram e não contaram para ninguém (Mc 16).
Mateus
Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao sabbath, Maria Madalena e “a outra Maria” foram espiar o túmulo. Acompanhado de um terremoto, um anjo desceu dos céus e rolou a pedra na entrada. Ele diz para elas não terem medo e pede que elas contem aos discípulos que Jesus ressuscitou e que irá encontrá-los na Galileia. As mulheres se regojizaram e correram para contar as novidades aos discípulos, mas Jesus apareceu e repetiu o que foi dito pelo anjo. Os discípulos então foram para a Galileia e lá viram Jesus. Os soldados que guardavam o túmulo ficaram aterrorizados com o anjo e informaram aos sumo-sacerdotes. Furiosos, eles pagaram para que eles espalhassem a informação mentirosa de que os discípulos de Jesus haviam roubado o corpo “e esta notícia se há divulgado entre os judeus até o dia de hoje” (Mt 28).
Porque procura entre os mortos o que está vivo?
Lucas
Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao sabbath algumas mulheres (Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago) foram ungir o corpo de Jesus. Eles encontraram a pedra já rolada e o túmulo vazio. Repentinamente, dois homens apareceram atrás delas e disseram que Jesus havia ressuscitado. As mulheres contaram aos discípulos, que não acreditaram nelas, com exceção de Pedro, que correu até a tumba. Ele descobriu a mortalha no túmulo e foi embora imaginando o que poderia ter acontecido.
No mesmo dia, Jesus apareceu para dois seguidores na estrada para Emaús. Eles só o reconheceram quando ele partiu o pão e deu graças, desaparecendo em seguida. Os dois imediatamente seguiram para Jerusalém, onde encontraram os discípulos excitados com a aparição de Jesus a Pedro. Quando eles começaram a contar a história, Jesus apareceu para todos eles, que ficam assustados, mas ele os convidou a tocarem no seu corpo, comerem com ele e explicou que nele as profecias se realizaram (Lc 24).
Atos dos Apóstolos
Na continuação do relato de Lucas, Jesus apareceu para diversas pessoas por quarenta dias, dando muitas provas de sua ressurreição e instruindo os apóstolos a não deixarem Jerusalém antes de serem batizados pelo Espírito Santo (At 1).
Ascensão
João
Bem cedo no dia após o sabbath, antes do nascer do sol, Maria Madalena visitou o túmulo de Jesus e encontrou a pedra já rolada. Ela contou a Pedro e ao “discípulo amado”, que correram para lá, encontraram apenas a mortalha e foram para casa. Maria viu dois anjos e Jesus, que ela não reconheceu de imediato. Ele pediu a ela que contasse aos discípulos que Jesus irá ascender ao Pai, o que ela se apressou para fazer.
Naquela tarde, Jesus apareceu entre eles, mesmo as portas estando trancadas, e lhes conferiu o poder sobre o pecado e o de perdoar. Uma semana depois, ele apareceu para Tomé, que não tinha acreditado até então. Quando ele tocou as chagas de Jesus, disse “Meu senhor, meu Deus”, ao que Jesus respondeu “Creste, porque me viste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20).
Tomé toca as chagas de Jesus
No Catecismo da Igreja Católica (638-645)
AO TERCEIRO DIA, RESSUSCITOU DOS MORTOS
638. «Nós vos anunciamos a Boa-Nova de que a promessa feita aos nossos pais, a cumpriu Deus para nós, seus filhos, ao ressuscitar Jesus» (Act 13, 32-33). A ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo, acreditada e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, pregada como parte essencial do mistério pascal, ao mesmo tempo que a cruz:
«Cristo ressuscitou dos mortos.
Pela Sua morte venceu a morte,
e aos mortos deu a vida» (542).
I. Acontecimento histórico e transcendente
639. O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento real, com manifestações historicamente verificadas, como atesta o Novo Testamento. Já São Paulo, por volta do ano 56, pôde escrever aos Coríntios: «Transmiti-vos, em primeiro lugar, o mesmo que havia recebido: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras: a seguir, apareceu a Pedro, depois aos Doze» (1 Cor 15, 3-4). O Apóstolo fala aqui da tradição viva da ressurreição, de que tinha tomado conhecimento após a sua conversão, às portas de Damasco (543).
O TÚMULO VAZIO
640. «Por que motivo procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui, ressuscitou» (Lc 24, 5-6). No quadro dos acontecimentos da Páscoa, o primeiro elemento que se nos oferece é o sepulcro vazio. Isso não é, em si, uma prova directa. A ausência do corpo de Cristo do sepulcro poderia explicar-se doutro modo (544). Apesar disso, o sepulcro vazio constitui, para todos, um sinal essencial. A descoberta do facto pelos discípulos foi o primeiro passo para o reconhecimento do facto da ressurreição. Foi, primeiro, o caso das santas mulheres (545), depois o de Pedro (546). «O discípulo que Jesus amava» (Jo 20, 2) afirma que, ao entrar no sepulcro vazio e ao descobrir «os lençóis no chão» (Jo 20, 6), «viu e acreditou» (547); o que supõe que ele terá verificado, pelo estado em que ficou o sepulcro vazio “‘, que a ausência do corpo de Jesus não podia ter sido obra humana e que Jesus não tinha simplesmente regressado a uma vida terrena, como fora o caso de Lázaro (549).
AS APARIÇÕES DO RESSUSCITADO
641. Maria Madalena e as santas mulheres, que vinham para acabar de embalsamar o corpo de Jesus (550), sepultado à pressa por causa do início do «Sábado», no fim da tarde de Sexta-feira Santa (551), foram as primeiras pessoas a encontra-se com o Ressuscitado (552). Assim, as mulheres foram as primeiras mensageiras da ressurreição de Cristo para os próprios Apóstolos (553). Em seguida, foi a eles que Jesus apareceu: primeiro a Pedro, depois aos Doze (554). Pedro, incumbido de consolidar a fé dos seus irmãos (555), vê, portanto, o Ressuscitado antes deles e é com base no seu testemunho que a comunidade exclama: «Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão» (Lc 24, 34.36).
642. Tudo quanto aconteceu nestes dias pascais empenha cada um dos Apóstolos – e muito particularmente Pedro – na construção da era nova, que começa na manhã do dia de Páscoa. Como testemunhas do Ressuscitado, eles são as pedras do alicerce da sua Igreja. A fé da primeira comunidade dos crentes está fundada no testemunho de homens concretos, conhecidos dos cristãos e, a maior parte, vivendo ainda entre eles. Estas «testemunhas da ressurreição de Cristo» (556) são, em primeiro lugar, Pedro e os Doze. Mas há outros: Paulo fala claramente de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu em conjunto, além de Tiago e de todos os Apóstolos (557).
643. Perante estes testemunhos, é impossível interpretar a ressurreição de Cristo fora da ordem física e não a reconhecer como um facto histórico. Resulta, dos factos, que a fé dos discípulos foi submetida à prova radical da paixão e morte de cruz do seu Mestre, por este de antemão anunciada (558). O abalo provocado pela paixão foi tão forte que os discípulos (pelo menos alguns) não acreditaram imediatamente na notícia da ressurreição. Longe de nos apresentar uma comunidade tomada de exaltação mística, os evangelhos apresentam-nos os discípulos abatidos (de «rosto sombrio»: Lc 24, 17) e apavorados (559). Foi por isso que não acreditaram nas santas mulheres, regressadas da sua visita ao túmulo, e «as suas narrativas pareceram-lhe um desvario» (Lc 24, 11) (560). Quando Jesus apareceu aos onze, na tarde do dia de Páscoa, «censurou-lhes a falta de fé e a teimosia em não quererem acreditar naqueles que O tinham visto ressuscitado» (Mc 16, 14).
644. Mesmo confrontados com a realidade de Jesus Ressuscitado, os discípulos ainda duvidam (561) de tal modo isso lhes parecia impossível: julgavam ver um fantasma (562). «Por causa da alegria, estavam ainda sem querer acreditar e cheios de assombro» (Lc 24, 41). Tomé experimentará a mesma provação da dúvida (563), e quando da última aparição na Galileia, referida por Mateus, «alguns ainda duvidavam» (Mt 28, 17).É por isso que a hipótese, segundo a qual a ressurreição teria sido um «produto» da fé (ou da credulidade) dos Apóstolos, é inconsistente. Pelo contrário, a sua fé na ressurreição nasceu — sob a acção da graça divina da experiência directa da realidade de Jesus Ressuscitado.
O ESTADO DA HUMANIDADE RESSUSCITADA DE CRISTO
645. Jesus Ressuscitado estabeleceu com os seus discípulos relações directas, através do contacto físico (564) e da participação na refeição (565). Desse modo, convida-os a reconhecer que não é um espírito (566), e sobretudo a verificar que o corpo ressuscitado, com o qual se lhes apresenta, é o mesmo que foi torturado e crucificado, pois traz ainda os vestígios da paixão (567). No entanto, este corpo autêntico e real possui, ao mesmo tempo, as propriedades novas dum corpo glorioso: não está situado no espaço e no tempo, mas pode, livremente, tornar-se presente onde e quando quer (568), porque a sua humanidade já não pode ser retida sobre a terra e já pertence exclusivamente ao domínio divino do Pai (569). Também por este motivo, Jesus Ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quer: sob a aparência dum jardineiro (570) ou «com um aspecto diferente» (Mc 16, 12) daquele que era familiar aos discípulos; e isso, precisamente, para lhes despertar a fé (571).
646. A ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. Esses factos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena «normal»: em dado momento, voltariam a morrer. A ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o «homem celeste» (572).
(transcrição na integra do CIC)
Fontes: