Fazer ecoar


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A palavra catequese vem do grego Kat – ekhéo que quer dizer “fazer ecoar”. Então a catequese em si deve fazer ecoar (levar pra lugares longínquos) a palavra de Jesus Cristo. A evangelização é dever de todos sejam catequistas infantis ou adultos, sejam ministros da palavra e eucaristia, ou dos enfermos, sejam os pregadores do grupo de oração, ou diáconos ou ainda mais os padres.

Tudo é ou deveria ser uma catequese permanente, pois muitas pessoas que fizeram a iniciação quando criança não lembram ou não aprenderam tudo o que se deve saber. O catequista é esse espelho, que evangeliza não pela sua cabeça mas sim pelo que ele aprendeu e principalmente pela doutrina da nossa igreja. Se ele não acredita no que prega, ele não pode ser um bom catequista, e nem deve. Acreditar no que fala é condição fundamental para um bom catequista. Acredite existem catequistas que não acreditam totalmente na doutrina da igreja, que duvidam dos milagres. que ignoram os santos e a VIRGEM MARIA, e ainda por cima acham que a morte e ressurreição de Cristo não foi real.

Como uma pessoa assim pode ser catequista? Muitos o são pelo fato de muitos amigos estarem nesta missão e pelo status (aparecer) de estar ali como pessoa importante dentro da comunidade. E a missão da catequese de fazer ecoar fica em segundo plano.

O catequizando (seja de qualquer idade) está sempre de olho nas atitudes do catequista. Como se comporta nas missas(se vai), como se veste, roupas extravagantes, curtas demais, apertadas demais, decotadas demais. Como age na missa: conversa, não presta atenção, atende o celular várias vezes. Se faz escândalo na rua, se briga, se bebe demais, se dança funk na rua como se estivesse em um show, se fuma, se usa drogas, se destrói coisas, fofoca, fala dos outros, não dá lugar no ônibus para idosos e grávidas (fingindo que está dormindo), se fica pelo lado de fora da igreja só para poder papear.

O catequizando precisa de um modelos de fé, pois muitas vezes não o acha na própria casa (pais, irmãos, família, amigos), é através destes catequizandos que haverá a conquista de muitas outra pessoas.

Não sou hipócrita eu trabalho com números (quanto mais melhor), e afirmo o jovem costuma permanecer (frequentar) um lugar onde encontra a maioria de seus amigos. Se um jovem tem 10 amigos e só ele faz a catequese (isso no caso de adolescentes e jovens) ele vai sair (lógico que existem casos #) ainda mais se a catequese não agradar. Mas se a catequese for interessante, dinâmica e alegre ele convencerá mais amigos para participarem.

O catequista não precisa saber tudo, mas ele tem por obrigação procurar saber.

Ler a Bíblia. pesquisar nos livros, pedir ajuda.

Os encontros devem ter preparação e acima de tudo muito amor

Assim vamos construir uma catequese melhor e mais significativa,  e que vai ser um ponto de mudança de vida dos catequizandos.

No próximo post vou iniciar um circulo bíblico sobre os Atos dos Apóstolos, e continuar esse bate papo.

A fé de todos (fides omnium)

Estou abrindo meu primeiro blog para compartilhar as minhas opiniões e a minha experiência (sem pretensão nenhuma) na Igreja Católica, principalmente nas catequeses e nos grupos de jovens.

Aqui pretendo comentar e compartilhar temas relacionados a palavra de Deus através da Bíblia e tópicos para as catequeses em geral ( eucaristia e crisma).

Ao buscar um nome para este blog achei algo muito interessante dentro do Catecismo da Igreja Católica , uma citação que dizia em latim:

Fides omnium christianorum in Trinitate consistit ( a fé de todos os cristãos consiste na Trindade) -CIC 232, algo interessante que declara na continuação do texto que os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo e não no nome destes três, pois só existe um Deus, o pai todo poderoso, seu filho único e o Espirito Santo: a santíssima trindade. O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. (CIC 233-234). Essa é uma afirmação tão poderosa que nem mesmo nossos irmãos protestantes ousam questionar, ou simplesmente ignorar, pois ao falarem também do Espírito Santo, não conseguem diferenciar onde um acaba e outro começa, isso porque eles são um só. A face divina e soberana de Deus pai criador, a face espiritual no Deus Espirito Santo,e a face humana em Deus filho, Jesus Cristo.

Partindo desse ponto escolhi parte da frase para nomear o meu Blog, e por isso mesmo neste primeiro post resolvi compartilhar a minha experiência em escolher um nome. Lembrando que Deus nos conhece pelo nome. Usar essa ferramenta moderna de comunicação, me fez quebrar a minha própria resistência a toda essa modernidade, mas hoje é impossível ficar alheio ao poder de penetração da Internet, por isso mesmo estou aqui, usando a ideia do nosso Santo Papa João Paulo II, que incentivava usar todos os meios de comunicação para a evangelização.

Espero contar com a sua atenção e os seus comentários nesta empreitada.

Paz e bem da parte do senhor Jesus.

Bento XVI foi chamado a casa do Pai

Papa Bento XVI

por Milton Cesar

O Papa Emérito Bento XVI foi chamado ao céu no dia 31 de dezembro de 2022. Ele viveu 95 anos e seu nome de batismo era Joseph Aloisius Ratzinger. Em 2005, o então Cardeal Ratzinger foi aclamado como o 265º Papa no Conclave que foi realizado para sucessão do Papa João Paulo II. Assumiu o nome de Bento XVI e teve seu pontificado entre 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013. Fez algo inédito na Igreja Católica Apostólica Romana e renunciou no ano de 2013, aos 83 anos. Desde então se tornou o primeiro Papa Emérito da história.

O Cardeal Ratzinger foi um dos maiores teólogos das últimas décadas. Seus livros em defesa da fé católica ficaram muito famosos e são muito importantes fontes de estudo.

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Papa Francisco e encontro com o Papa Emérito Bento XVI

Aqui estão dicas para conhecer melhor as obras do Papa Bento XVI

Introdução ao Cristianismo

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Escrito em 1968, quando Ratzinger era Padre, a Obra é uma compilação de lições universitárias publicadas sobre a profissão de fé apostólica. O livro é considerado alimento espiritual para quem busca encontrar respostas sobre o cristianismo.

Dogma e Anúncio

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Obra de 1973, Dogma e Anúncio é uma antologia de ensaios, homilias e meditações dedicadas à pastoral. Que caminho trilhar da formulação dogmática à linguagem da atualidade? É a pergunta central da obra que mostra a união necessária de ciência e fé. 

Deus Existe?

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Em 2000, Bento XVI, então cardeal, participou de um debate acalorado com o filósofo ateu Paolo d’Arcais sobre a questão “Deus existe?”. O debate foi transformado em livro sucesso de vendas.

Trilogia sobre Jesus de Nazaré

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O primeiro livro do também teólogo sobre a vida e a pessoa de Jesus de Nazaré foi publicado em 2007: “’Do batismo à Transfiguração”. “Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição” foi o segundo da trilogia, publicado em 2011. Em 2012, já como Papa Bento XVI, veio o último volume, chamado “A infância”.

Bento XVI foi Papa da Igreja Católica e bispo de Roma de 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013, e posteriormente Papa Emérito e Romano Pontífice Emérito da Igreja Católica. Em 2013 oficializou a sua abdicação. Desde sua renúncia era Bispo emérito da Diocese de Roma. Foi eleito, no conclave de 2005, o 265.º Papa, com a idade de 78 anos e três dias, sendo o sucessor de João Paulo II e predecessor de Francisco.

Dominava pelo menos seis idiomas, entre os quais alemãoitalianofrancêslatiminglêscastelhano e possuía conhecimentos de português, ademais lia grego antigo e hebraico.Foi membro de várias academias científicas da Europa como a francesa Académie des sciences morales et politiques e recebeu oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, entre elas da Universidade de Navarra, e foi também cidadão honorário das comunidades de Pentling (1987), Marktl (1997), Traunstein (2006) e Ratisbona (2006). É pianista e tem preferências por Mozart e Bach. Foi o sexto e talvez o sétimo papa alemão desde Vítor II (segundo a procedência de Estêvão VIII, de quem não se sabe se nasceu em Roma ou na Alemanha). Em abril de 2005 foi incluído pela revista Time como sendo uma das cem pessoas mais influentes do mundo.

O último papa com este nome fora Bento XV, que esteve no cargo de 1914 a 1922 e pontificou durante a Primeira Guerra Mundial. Ratzinger foi o primeiro Decano do Colégio Cardinalício eleito Papa desde Paulo IV, em 1555, o primeiro cardeal-bispo eleito Papa desde Pio VIII, em 1829, e o primeiro superior da Congregação para a Doutrina da Fé a alcançar o Pontificado, desde Paulo V, em 1605. Bento XVI foi o primeiro papa, desde João XXIII, a voltar a usar o camauro e comumente utilizou múleos. Também foi o primeiro pontífice a visitar um museu judaico. Renunciou em 28 de fevereiro de 2013, justificando-se em sua declaração de renúncia que as suas forças, devido à idade avançada, já não lhe permitiam exercer adequadamente o pontificado.

No dia 31 de dezembro de 2022, a coletiva de imprensa da Santa Sé confirmou a morte do mesmo, às 9h34m do horário local.

Bento XVI – Wikipedia

Os ritos fúnebres

Pela primeira vez em 600 anos, o Vaticano está planejando um evento histórico: o funeral de um ex-papa.

A morte de Bento XVI traz consigo uma série de novos detalhes que nunca haviam ocorrido desde 1296 até a morte de Celestino V. Bonifácio VII era papa quando o papa emérito Celestino morreu, embora as circunstâncias fossem muito diferentes. Já se passaram 797 anos desde que um evento semelhante ocorreu dentro da Igreja Católica.

Portanto, as mudanças nos rituais e cerimônias ainda não foram confirmadas, mas é óbvio que haverá. Não haverá missas, por exemplo “Pro Elegendo Pontífice” com a presença do colégio cardinalício e do corpo diplomático. Não haverá conclave . Ninguém dirá a famosa frase, ao fechar as portas da Capela Sistina para iniciar o conclave: “Extra omnes”. Por si só, a palavra conclave significa “sob bloqueio”, ou seja, quem está dentro não pode ter contato com quem está fora. Nada disso vai acontecer. 

Os ritos fúnebres antes da morte de um pontífice são complicados e altamente ritualizados. Mas Bento não é mais o Papa, é um bispo emérito da cidade de Roma. E não há lembrança de como foram as exéquias de Celestino V. Portanto, tudo o que detalharemos a seguir é quando um papa morre e o assento fica vago. Os rituais que serão usados ​​no caso do Papa Emérito Bento XVI serão diferentes. Será como a morte de mais um bispo emérito?, visto que o Papa é o bispo de Roma. O que sim, e dada a novidade, um ritual deve ser implementado para este caso: é a segunda vez que isso acontece nos dois mil anos de história da Igreja.

Quando um bispo emérito morre, ele é mantido em seu último assento episcopal (a menos que já tenha estipulado outro lugar em vida…), a missa fúnebre é celebrada com o corpo presente e quase sempre é sepultado no referido templo. Aqui também se junta outra questão, não só ele era o bispo emérito de Roma, mas era o soberano do estado da Santa Sé, a única monarquia absoluta do Ocidente. Ou seja, é a morte de um ex-monarca e de um ex-papa.

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Quando um Papa morre, o que acontece? A certificação da morte do Papa é feita pelo corpo médico da Santa Sé e uma vez certificada a morte, como qualquer mortal. Uma vez assinado o documento de óbito, começam os rituais específicos. Os médicos notificam o prefeito da casa pontifícia e é ele quem diz oficialmente: “ o Papa morreu ”. Nesse momento todos se ajoelham e começam as respostas.

Imediatamente começa o turno de vigia pelos cónegos penitenciários. Quatro velas são acesas ao pé da cama e um cetre (um pequeno recipiente em forma de balde) com água benta e o hissopo é colocado ao lado do leito de morte para as respostas dos prelados visitantes. Enquanto o corpo do Papa ainda está em sua cama, chega o Cardeal Camerlengo , que usa uma estola roxa e que é, durante a sé vacante, a autoridade máxima da Igreja Católica . Ele entra na sala escoltado por um destacamento da Guarda Suíça com alabardas, símbolo da nova autoridade, para assegurar oficialmente a morte do Pontífice.

O camerlengo se aproxima do corpo do papa falecido e bate três vezes na testa do papa com um pequeno martelo de prata e pronuncia seu nome cristão: “Iosephus, você dorme?” depois de verificar sua morte, ele diz: “vere papa mortuus est” (o Papa está realmente morto). Em seguida, retira do dedo o anel comumente chamado de “anel do pescador”, símbolo do poder papal. Este é o sinal de que o reinado acabou. O anel será quebrado junto com o selo de chumbo do Papa perante os cardeais . Isso é feito para evitar qualquer eventual falsificação de documentos papais.

Uma vez concluídos esses primeiros ritos, o corpo do pontífice é removido para ser lavado e coberto com os atributos papais. Salvo indicação em contrário do Papa, o procedimento exige a retirada das vísceras, que são depositadas em urnas que são mantidas na cripta subterrânea da igreja de San Vicente e San Anastasio, em frente à Fontana di Trevi, em Roma.

Todas as salas do palácio apostólico estão lacradas e fechadas. Imediatamente depois, o camerlengo informa ao cardeal vigário de Roma que o bispo de Roma morreu. O cardeal vigário informa a todos sobre a morte do pontífice. Quando o Papa João Paulo II faleceu, foi o cardeal argentino Leonardo Sandri quem teve a triste tarefa de anunciar sua morte. Uma vez tornado público o anúncio, os sinos de Roma e de todas as igrejas do mundo “tocam pelos mortos”. São declarados 9 dias de luto rigoroso e milhares de missas são celebradas em todo o mundo pelo repouso eterno do Papa falecido.

O corpo está coberto com os atributos papais : batina branca, alva branca, amito, estola, casula vermelha (o vermelho é a cor do luto papal) e mitra episcopal branca. Está depositado na Capela Sistina, onde membros da Santa Sé e diplomatas apresentarão suas homenagens.

No dia seguinte é transferido para a Basílica de São Pedro , onde é colocado em um catafalco em frente ao altar da confissão. E ali caberá aos fiéis prestar sua última homenagem. Terminado o velório, realiza-se a missa fúnebre , presidida pelo cardeal camerlengo e pelo decano do colégio cardinalício; todos com ornamento vermelho . E por ser o chefe de Estado, costumam comparecer presidentes e reis ou rainhas de todos os países com os quais a Santa Sé mantém relações diplomáticas.

Terminada a missa, o caixão, muito singelo e singelo, de cipreste totalmente liso com uma cruz negra pintada na tampa e forrado a veludo vermelho, será levado para o local da sepultura enquanto o coro entoa um hino: “Libertem-me , Domine, de morte aeterna” (livra-me Senhor da morte eterna).

No caso do papa emérito, ele repousará no local onde estava o corpo de João Paulo II, nas grutas do Vaticano, que foi elevada à Basílica de São Pedro quando ele foi canonizado.

O caixão de madeira será depositado dentro de outro caixão de chumbo e este dentro de outro caixão de madeira de carvalho ou olmo. Antes do fechamento do caixão triplo, um membro da casa pontifícia lerá os acontecimentos mais importantes de seu pontificado e depositará dentro do segundo caixão – isto é, entre o de chumbo e o de carvalho – um tubo de metal contendo um pergaminho com o seu certidão de óbito, os acontecimentos mais notórios de seu pontificado e medalhas e moedas cunhadas durante seu ministério petrino. Para ser depositado naquele local, é preciso montar um arreio, já que o peso dos três caixões pode passar de 500 quilos.

Quando o caixão toca o chão, o cardeal camerlengo joga uma colher de terra sobre ele e diz: “memento homo quia pulvis es et in pulverem reverseris…” (Lembre-se homem que você é pó e pó você se tornará). Os cardeais presentes fazem o mesmo, mas sem dizer nada. Terminado todo este ritual, move-se a lápide de granito que fecha o túmulo. Assim concluem os ritos fúnebres.

Como dissemos acima, este ritual é apenas para o caso da morte de um Papa que deixa a sé vaga. Tudo será novo nesta oportunidade muito especial.

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Corpo do Papa Emérito Bento XVI na Basílica de São Pedro

Quem escreve esta nota teve a oportunidade de estar com o Papa Bento XVI em diversas ocasiões, de forma privada e pública. A imagem que guardo dele é a de um homem simples, sereno e com um grande espírito paternal, sobretudo nas conversas. Teve uma péssima imprensa e sempre resistiu aos ataques com simplicidade. E quando viu que suas forças vacilavam, soube afastar-se e desaparecer para sempre da vida pública. Este gesto deve servir de exemplo a mais do que um político: há que saber observar que, sendo um dos homens mais poderosos do mundo, retirou-se completamente da vida pública e só se reservava à oração e à meditação.

Uma vez silenciadas as vozes maliciosas destes tempos, poderemos observar a grandeza do Papa Ratzinger e poderemos admirar a sua obra e sobretudo a extrema humildade e simplicidade com que deixou tudo para oferecer a sua oração, a sua a contemplação e o seu silêncio pela Igreja que amou e ajudou, com as suas luzes e as suas sombras, para não perder de vista a função para a qual foi criado: a pregação da boa nova dos evangelhos. (Com informações do Vatican News, EFE e AFP)

O corpo do Papa emérito está na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis desde essa da segunda-feira, 2 de janeiro. Neste dia, a Basílica ficará aberta das 09h às 19h. Terça e quarta das 07h às 19h.

O funeral será na quinta-feira, 5 de janeiro, às 9h30 locais (05h30 no horário de Brasília) na Praça São Pedro, presidido pelo Papa Francisco. Ao final da celebração eucarística, terão lugar a Ultima Commendatio e a Valedictio. O féretro do Papa emérito será levado até à Basílica de São Pedro e, dali, à cripta vaticana para a sepultura.

Ainda de acordo com o diretor da Sala de Imprensa, Bento XVI recebeu a unção dos enfermos na quarta-feira, ao final da missa celebrada no Mosteiro e na presença das “Memores Domini”, que há anos o assistem diariamente. 

Bento XVI não foi o primeiro Papa a renunciar

O Papa Bento XVI ficou muito conhecido, por renunciar ao ministério, sendo considerado com algo inédito dentro da Igreja Católica, porém não é algo inédito. O ineditismo da ação se dá pelo fato dele ter feito isso de livre e espontânea vontade, após avaliar que  com a chegada de uma idade mais avançada, o seu pontificado ficaria muito mais dificil de ser conduzido. Basta lembrarmos de todo o sofrimento (aguentado com as graças de Deus) do Papa João Paulo II. O Papa Celestino V foi o último a renunciar.

O Papa Celestino V é mais bem-conhecido por ser, constante e erroneamente, identificado como o primeiro papa a renunciar ao episcopado. Houve dois outros papas antes dele (e talvez um terceiro e um quarto) que renunciaram ao pontificado por uma razão ou outra. O primeiro foi Ponciano, preso e deportado no ano de 235 pelo imperador anticristão Maximino da Trácia, e o segundo, Silvério, forçado a abdicar em 537. Um terceiro papa, João XVIII (1003-1009), talvez tenha renunciado sob pressão. Um quarto, Bento IX, abdicou em favor do padrinho em 1045, mas foi reempossado em 1047. Um quinto papa, Gregório XII, renunciou em 1415, a fim de ajudar a solucionar o Grande Cisma Ocidental (1378-1417).

Fontes:

Papa Celestino V – Wikipedia

Gazeta Brasil

Bento XVI – Wikipedia

Vatican News

 

Dia de refletir sobre Finados (Dia de los muertos)

Reflexão e Formação

É dia de se fazer uma oração, breve ou longa. Dia de lembranças e saudades.

Tristeza? Muitas vezes sim. Mas o lema: Saudade sim, tristeza não ainda é um mantra, afinal a pessoa que estimamos foi chamada a morada eterna (para quem acredita)

Uma profusão de pessoas se dirigem aos “campos santos” e entregam flores, presentes, lágrimas e parte do seu tempo.

É Dia de Finados no Brasil, Dia de Los Muertos no México.

O cemitério é um lugar carregado de muita energia. Lugar onde muitas pessoas estão sepultadas a anos, a meses, a dias ou até a poucas horas. Lugar onde muitas lágrimas são derramadas e toda uma história é depositada a sete palmos de terra.

Muitas pessoas passam mal de estar ali, outras tomadas de uma mediunidade que nunca desenvolveram acabam sentindo coisas estranhas. Mas muitas pessoas não sentem absolutamente nada diferente, além do sentimento de falta.

Por causa da pandemia, o número de pessoas enlutadas está muito maior esse ano. Famílias inteiras foram ceifadas pelo vírus. Juntando-se ao fato de que todos os dias morrem pessoas. São partidas muitas vezes trágicas com vítimas de acidentes de trânsito, vítimas da violência, doenças, idade.

Muitas vezes o choro é por não ter feito em vida que pudesse homenagear este ente querido.

Mas tantas pessoas morrem sozinhas e são sepultadas sozinhas.

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O Dia de Finados, como é conhecido, foi instituído inicialmente no século X, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 02 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram. A ação de Odilo resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica: a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.

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Santo Odilo de Cluny

No estado de purgação, as almas necessitam, segundo a doutrina católica, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal mediador, o Deus FilhoJesus Cristo. Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao XV), a prática de orações pelas almas dos mortos tornou-se bastante popular na Europa, ficando conhecida pela alcunha de “Dia de todas as Almas”. Essa prática remonta ao período do cristianismo primitivo, dos séculos II e III, quando os cristãos perseguidos pelo Império Romano enterravam e rezavam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma.

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Catacumba Romana do século III

Com a descoberta da América e o processo de colonização, o dia escolhido por Odilo de Cluny tornou-se ainda mais popular. Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.

(fonte Mundo Educação)

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Para as igrejas é um momento de reflexão sobre ter uma vida em Cristo.

Mas todas as religiões tem algum tipo de relação com seus mortos.

As religiões possuem visões distintas a respeito da morte . Devido a isso, existem algumas que não acreditam no fim da vida . Logo, pregam que o falecimento de alguém seria uma espécie de continuidade. Em contrapartida, existem também aquelas que percebem a morte como o encerramento de um ciclo e o fim daquela existência.

Devido a esses diferentes modos de perceber um mesmo acontecimento, cada religião possui os seus próprios rituais fúnebres. Em linhas gerais, esses ritos podem ser descritos como a forma de se despedir dos mortos.

No Brasil, os mais populares são o velório e o sepultamento , práticas que se fazem presentes em quase todas as principais religiões do mundo . Entretanto, em alguns cenários eles são abolidos para acomodar melhor as crenças do falecido.

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CRISTIANISMO

catolicismo é uma das religiões mais presentes no Brasil . Portanto, os seus rituais são os mais conhecidos no país, como o velório e o enterro . De acordo com as tradições da religião, o último é realizado em um prazo de até 24h após o falecimento.

É possível afirmar que, em geral, os velórios contam com a presença de incensos , que representam a veneração. Além disso, essas ocasiões também são marcadas pela água, que funcionam como uma forma de rememorar o batismo. Por fim, as velas também são frequentes nos velórios enquanto um simbolismo da vida, que se queima.

Além disso, durante essas ocasiões os amigos e os familiares do falecido se unem para fazer orações de forma conjunta para que o seu ente querido encontre a paz no plano superior, que a religião em questão chama de Céu.

Outros pontos bastante comuns ao catolicismo são a vivência do luto, uma vez que a igreja acredita na importância de sentir a tristeza de forma plena. Também merece destaque o uso de roupas pretas para simbolizar a perda de alguém importante.

JUDAÍSMO

A visão do judaísmo sobre a morte é bastante diferente da visão católica. Nesse sentido, essa religião pode ser vista como uma espécie de democracia que atinge a todas as pessoas de forma igualitária. Além disso, a morte não é encarada como uma tragédia, mas sim como um processo natural e parte de um plano divino.

Assim, o corpo das pessoas é enviado a uma pessoa especializada da comunidade judaica. O objetivo é fazer com que ele siga para o plano superior da mesma forma como veio ao mundo: purificado. Portanto, são feitos alguns rituais nesse sentido antes do sepultamento.

Além disso, vale ressaltar que os mortos do judaísmo são vestidos com uma túnica branca e, então, o velório acontece. Nessa religião ele tem o nome de shivá, tem duração de sete dias e acontece na casa de quem faleceu.

Durante esse período os familiares próximos se fazem presentes e o período tem como objetivo curar o luto. Devido a essas características, consiste em uma experiência que prima pela solidão e pela reconexão com a alma da pessoa que partiu.

Por fim, outro ponto que se destaca com relação ao shivá é o fato de que toda a comunidade judaica próxima à pessoa que faleceu tem a obrigação moral de comparecer à casa da família para oferecer conforto e palavras positivas sobre aquele que partiu.

ISLAMISMO

Na visão do Islamismo, o luto é um momento que demanda calma e equilíbrio. Devido a isso, é muito incomum ver pessoas chorando durante velórios, que são ocasiões muito controladas para essa religião.

Isso é respaldado por uma fala do profeta Muhammad. De acordo com ele, quando alguém sofre, os mortos se lamentam. Então, como nada tem o poder de modificar a morte, a obrigação de quem permanece vivo é tratar a ocasião com dignidade, aceitando a vontade de Deus.

É possível afirmar que a preparação do corpo nessa religião é feita pelos parentes de quem partiu. Em geral, eles precisam ser do mesmo sexo do morto e o cônjuge tem a permissão de participar. São dados três banhos no falecido com o objetivo de retirar as impurezas.

Posteriormente, o corpo é enrolado em um pano branco e é coberto até o rosto. Quanto ao sepultamento, vale ressaltar que ele acontece em contato direto com a terra, ou seja, sem o uso de um caixão. Além disso, essa etapa deve acontecer o mais rápido possível.

ESPIRITISMO

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Os adeptos do espiritismo não acreditam na morte. Assim, o corpo físico seria somente um receptáculo para o espírito e funcionaria somente como uma forma para que ele se aprimorasse durante as suas reencarnações.

Devido a isso, a matéria é encarada somente como um meio para a realização de um fim. Então, embora os espíritas velem os seus mortos e os enterrem exatamente da mesma forma que outras religiões, os seus ritos precisam ser marcados pela calma.

O motivo para isso está ligado ao fato de que o desespero pode acabar fazendo com que o espírito de quem faleceu tente continuar por perto ao invés de seguir o seu curso rumo a uma nova encarnação.

Caso a família do falecido opte por uma cremação, a religião pede que se espere o prazo de 72h para a realização. Entretanto, o sepultamento pode ser realizado no mesmo dia de acordo com a visão espírita.

BUDISMO

Os rituais fúnebres presentes no Budismo são inspirados nos familiares daqueles que faleceram. Além disso, eles se pautam na esperança e no foco em conseguir conquistar a felicidade suprema, que também pode ser descrita como o mesmo estado de iluminação que Buda alcançou.

Durante as suas vidas, os adeptos da religião se esforçam para treinar a mente e deixá-la mais tranquila quanto à iminência da morte. Para essa religião, através dessas práticas será possível ter uma reencarnação mais próspera.

Assim, o ciclo entre morrer e renascer, na visão budista, precisa ser marcado por muita paz. Uma associação frequente da religião em questão é que as pessoas vão dormir, sonham e, posteriormente, despertam.

Logo, todos os rituais fúnebres do Budismo são marcados pela ideia de equilíbrio. Os familiares daquele que faleceu, são devidamente amparados e devem evitar o choro para que quem partiu consiga reencarnar em paz.

Devido aos fatos destacados, os rituais dessa religião têm um caráter muito mais de celebração à vida do que despedida.

HINDUÍSMO

Entre os ensinamentos do Hinduísmo é possível destacar a ideia de que um corpo é constituído por cinco elementos: éter, fogo, água, ar e terra. Então, o seu falecimento acontece quando um desses elementos se apaga.

Assim, Agni, o Deus do fogo, surge para purificar o cadáver e libertar a alma para que ela possa seguir o seu caminho. Vale ressaltar que os hindus não têm o hábito de sepultar o corpo dos seus mortos, mas antes preferem cremá-los.

O motivo para isso está ligado ao fato de que o Hinduísmo crê que caso o corpo não seja queimado, o espírito poderá reencarnar novamente, o que seria negativo na visão dessa religião. Porém, antes que esse estágio aconteça, existem uma série de preparações que precisam ser devidamente executadas.

De encontro a isso, vale ressaltar que um dos rituais se refere à preparação do corpo, que chega a durar duas horas. Nele, o corpo é lavado várias vezes com baldes de água e alguns pós coloridos são jogados sobre ele.

Além disso, o ritual também conta com água de como e deve ser executado pela filha de quem faleceu. Ela, por sua vez, recebe a ajuda das anciãs da religião.

CANDOMBLÉ

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A versão do candomblé presente no Brasil passou por algumas adaptações em relação à sua matriz africana. Entre elas, é possível destacar a visão da morte, que não é encarada como o fim de alguma coisa pela religião em questão.

Dessa forma, é possível afirmar que os candomblecistas percebem a morte como a continuidade de um ciclo. Portanto, ainda que o corpo material deixe de existir, ele se torna um espírito. Os rituais fúnebres acompanham essa lógica e são feitos de forma inversa ao momento em que alguém se torna adepto do Candomblé.

De encontro ao que foi destacado, é possível ressaltar que quando a pessoa morre é realizado o Axexê . Primeiramente, o corpo é preparado para assegurar a libertação do espírito e essa etapa é realizada na casa do pai ou da mãe de santo responsável pelo terreiro.

Então, uma vez que matéria e espírito se desconectam, o corpo é liberado para o velório, no qual acontecem os cânticos. Essas músicas funcionam como uma forma de convidar os ancestrais para receber o novo espírito (chamado de Egum). Uma vez que essa etapa é concluída, o corpo (Ará) é liberado para ser sepultado.

Posteriormente, quando o falecimento completa um ano, o Candomblé celebra uma nova cerimônia, que acontece novamente no aniversário de três e de sete anos da morte.

(fonte: Facilita)

UMBANDA

Finados na Umbanda também é comemorado no dia 2 de novembro, tido como o dia das Almas Benditas. É o dia dedicado para homenagear as Santas Almas que trabalham anonimamente na espiritualidade, nos bastidores, fazendo caridade e auxiliando os encarnados e desencarnados em muitas missões e tarefas. E também para orar pelas almas sofredoras e, muitas vezes, errantes.

Muitas Casas de Umbanda costumam homenagear Obaluayê ou Omulu (até ambos) neste dia, pelo fato de que Obaluayê é o Senhor da Transmutação, da passagem e é o chefe da Linha das Almas. E Omulu é o Orixá que rege a morte física, o momento da passagem de encarnado para desencarnado (mas não apenas isso).

Contudo, Obaluayê tem seu dia próprio de homenagem, que é dia 17 de dezembro (sincretismo com São Lázaro). Podemos e devemos rezar para pedir a Obaluayê que proteja, abençoe e encaminhe as almas (idem a Omulu).

Portanto, para os umbandistas, dia 2 de novembro, Finados na Umbanda, não é dia de luto e nem de tristeza. Não há lamento pela morte, mas sim celebração da vida espiritual e o maravilhoso trabalho dos desencarnados em prol de seus irmãos sofredores.

(fonte: Umbanda eu curto)

O Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados. O Dia de Todos os Mortos celebra todos os que morreram e não são lembrados na oração.

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Cemitério Campo da Esperança, covas mortes covid-19. Sérgio Lima/Poder360 10.06.2020

Contudo, somente no Brasil a data tem este nome.

Na realidade, esta data celebra a lembrança dos “fiéis defuntos” e não o dia de finados. Adentrando-se a fundo no significado e na origem das palavras (etimologia), há uma diferença relevante no significado dos termos.

A palavra finado significa, em sua origem, aquele que se finou, ou seja, que teve seu fim, que se acabou, que foi extinto.

A palavra defunto, por sua vez, originada no latim, era o particípio passado do verbo “defungor”, que significava satisfazer completamente, desempenhar a contento, cumprir inteiramente uma missão. Mais tarde foi utilizada e difundida pelo cristianismo para dizer que uma pessoa morta era aquela que já havia cumprido toda a sua missão de viver. Porém, atualmente, tornou-se sinônimo de cadáver.

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5 CURIOSIDADES SOBRE O FAMOSO DIA DE LOS MUERTOS DO MÉXICO

Dança, comida, música e alegria: o Dia dos Mortos no México coincide com o nosso calendário – ocorre no dia 2 de novembro todos os anos – mas por lá a celebração à memória dos mortos vai além das homenagens com coroa de flores, orações e velas.

Conhecido em todo o planeta, o Dia de Los Muertos mexicano transforma o feriado de Finados em festa, pois a crença local é de que os mortos retornam para visitar os entes queridos nesta data e devem ser recebidos com amor e felicidade. Reunimos abaixo algumas curiosidades sobre esta celebração, confira!

Visita em família ao cemitério

No feriado, as famílias comparecem ao cemitério em que o ente querido está sepultado e realizam a lavagem e limpeza do local, enfeitando-o com flores, imagens e objetos dos quais o falecido gostava em vida. Diferente do que ocorre no Brasil, a visita aos cemitérios é cheia de animação e, claro, também de saudades.

Comes e bebes são indispensáveis

Quando os familiares retornam para casa, a festa começa e os comes e bebes não podem ser dispensados. Entre as delícias que compõem o cardápio do dia estão os tamales (prato que lembra a pamonha típica brasileira), mole com pollo (frango ou outra ave servida com molho à base de chocolate), pan de muerto (pão feito com anis e decorado com lágrimas e ossos feitos de massa doce) e as calaveritas, caveirinhas de biscoito enfeitadas que também servem como decoração ou como presente. A tequila também se faz presente.

La Catrina

Símbolo do Dia dos Mortos, a famosa caveira mexicana tem origem nos rituais anteriores à chegada dos espanhóis na América. Naquele período, ela era chamada de Dama da Morte, e era visto como deusa. A personagem atual, criada pelo cartunista José Guadalupe Posada, foi inspirada na antiga deusa.

Concurso de fantasias

Diversas cidades do país organizam concursos no período do Dia dos Mortos para eleger as melhores fantasias inspiradas na La Catrina. A criatividade corre solta!

Altares coloridos

Os altares são outro símbolo desta data. Montados para homenagear as almas, eles precisam incorporar em si os quatro elementos da natureza – ar, água, fogo e terra. Eles são adornados com alimentos, velas e imagens, e os familiares deixam nele copos com água, disponíveis para os mortos matarem a sede.

(fonte: Guaira News)

Sábado de Aleluia

Formação    

Por Milton Cesar

O Sábado Santo (mais conhecido como Sábado de Aleluia) faz parte do Tríduo Pascal. O Sábado Santo é chamado de Vigília Pascal. Na Igreja e na Liturgia Católica, antes de todas as grandes solenidades, há uma celebração de véspera ou vigília. A Vigília Pascal antecede o dia da Páscoa, o Domingo da Ressurreição de Jesus. 
Nessa noite após a missa vários grupos costumam fazer uma vigília durante toda a noite, em oração e reflexão, muitas vezes com uma Missa celebrada às 5 da manhã. Entre 1998 e 2004 o grupo de Jovens em qual eu tive a honra de coordenar, realizava uma vigília que durava a noite toda após a missa. Eram sempre cerca de 200 jovens e o padre ou um Ministro da Palavra, celebrava às 5 horas da manhã;

A Vigília Pascal faz parte também do Tríduo Pascal, onde vivemos com profundidade os passos de Jesus rumo ao Calvário, ao Sepulcro e à Ressurreição. Este Tríduo começa com a Quinta-feira Santa, pela conhecida “Missa do Lava-pés”, por meio da qual Jesus instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio, com uma recomendação: “Fazei isso em minha memória” (Lc 22,19). A Eucaristia e o Sacerdócio nasceram do coração de Jesus, em torno de uma mesa, para que se fosse cumprida uma promessa do Senhor: “Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Tanto pela Eucaristia, como pelo Sacerdócio, o Senhor continua no meio de nós!

Na Sexta-feira Santa, até a natureza silencia-se. O Cordeiro é imolado. Jesus, morre na Cruz, rezando: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)! E aí Jesus entrega toda a Sua história e missão. Jesus entrega a Igreja e toda a humanidade. Jesus nos entrega ao Pai. Com essa entrega, Ele coloca em prática o Seu ensinamento: “Ninguém tem maior amor do que Aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).(Formação Canção Nova)

Partes fundamentais da Vigília Pascal

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A Vigília Pascal tem quatro partes fundamentais: Liturgia da Luz, da Palavra, do Batismo e da Eucaristia. É comum crianças e adultos serem batizados nesta celebração, quando todos renovam sua fé e confiança no Deus Altíssimo. A Palavra de Deus recorda toda caminhada do povo de Israel, aguardando o Messias, e apresenta Jesus como o verdadeiro Messias, Salvador. O Povo de Deus, pede a intercessão dos santos para que continuem perseverantes no seguimento de Jesus, que trouxe ao mundo uma Boa Notícia e alimenta-se da Eucaristia, remédio santo que cura as enfermidades do corpo e da alma.

A Vigília Pascal é uma celebração solene e com uma catequese muito profunda. Quando participamos, cheios de atenção e desejo de nos encontrarmos com o Senhor, ficamos maravilhados com a beleza e o esplendor em torno de Jesus, nossa Luz. A Vigília Pascal transforma a noite mais clara que o dia, e nos impulsiona a irmos ao encontro do Senhor Ressuscitado, para vê-Lo e acreditar na vitória da vida sobre a morte. A Ressurreição de Jesus torna o Sábado Santo uma Noite de Luz! (Formação Canção Nova)

O que é Aleluia:

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Aleluia: planta da subfamília Cesalpiniácea

Aleluia significa Louvem Deus Javé ou Adorem Deus Javé. É um termo de origem hebráica “Halleluyah”, formado pela junção de Hallelu, que significa Louvar, mais Yah que significa Deus, Javé. Portanto Aleluia é um elogio ao Deus, Javé.

Aleluia é uma expressão usada para louvar a Deus nos cânticos e orações rezadas nos cultos e missas dos cristãos.

Aleluia é também considerada simplesmente uma palavra que vem de ulular, uma exaltação de alegria como ainda hoje acontece entre tribos semitas e africanas. Aleluia! é palavra usada para expressar sentimentos de conquistas, quando algo desejado acontece.

Aleluia é também um arbusto ornamental, da família das leguminosas, subfamília Cesalpiniácea

Em relação ao que se comemora no Sábado de Aleluia, a data antecede a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, após ter sido crucificado na Sexta-feira Santa. O nome desse dia vem da tradição da Igreja Católica de não dizer “aleluia” nas missas durante a Quaresma. Ao final do Sábado Santo, finalmente se diz “aleluia” para anunciar o início da Páscoa.

De acordo com a Bíblia cristã, o Sábado de Aleluia foi um dia de muita tristeza para os discípulos de Jesus. Por isso, este dia costuma ser voltado para a oração e o silêncio, a fim de compreender o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Também pode-se fazer um jejum limitado, evitando carne vermelha, e, em algumas Igrejas, acontece a confissão sacramental, ainda sendo possível praticar a penitência. A data também é a última oportunidade de fazer a mudança de vida que a Quaresma proporciona, para mais à noite celebrar de coração renovado a chegada da Páscoa. (DCI.com)

A Vigília Pascal é desenvolvida em quatro etapas fundamentais: Liturgia da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Eucaristia. É uma vigília em honra ao Senhor, de maneira que os fiéis tenham acesas as lâmpadas, como os que aguardam seu senhor chegar, para que os encontre em vigília e os convide a sentar à sua mesa.

É a maior missa do ano composta de 7 leituras, 7 Salmos e 1 Evangelho

Bênção do fogo

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Durante a Liturgia da Luz da Vigília do Sábado de Aleluia, outro costume da data é o de acender o Círio Pascal, uma vela grande e com símbolos das letras gregas Alfa e Ômega, que representam Jesus Cristo. Nessa etapa, realiza-se a Bênção do Fogo, simbolizando Cristo morto e ressuscitado. De acordo com a tradição, ele também serve para simbolizar a “luz de Cristo”, que ilumina e protege o mundo das trevas. Algumas comunidades, com a orientação do padre, pedem que cada fiel traga uma vela (ou a própria igreja dá, conforme as condições) e todos acendam no fogo novo. Isso para ser um momento de reflexão. Depois todos apagam e levam para suas residências. Esse ato pode ser feito também durante a Procissão do Círio Pascal.

Procissão do Círio Pascal

Durante a procissão do Círio Pascal, que se comemora no Sábado de Aleluia, as luzes da igreja devem permanecer apagadas. O diácono toma o Círio e o ergue, por algum tempo, proclamando: “Eis a luz de Cristo!”. Todos respondem: “Demos graças a Deus!”. Os fiéis acendem suas velas no fogo do Círio Pascal e entram na igreja. O Círio, que representa o Cristo Ressuscitado, a coluna de fogo e de luz que guia pelas trevas e indica o caminho à terra prometida, avança em procissão.

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Liturgia

“Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição” (Circ 73).

No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Parar contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão.

O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz “por que me abandonaste?”, agora ele cala no sepulcro. Descansa: “consummantum est“, “tudo está consumado”. Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloquente. “Fulget crucis mysterium“, “resplandece o mistério da Cruz”.

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: “nós o experimentávamos… “, diziam os discípulos de Emaús.

É um dia de meditação e silêncio. Algo parece ido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: “Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento” (Jó. 2, 13).

Ou seja, não é um dia vazio em que “não acontece nada”. Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos -não tanto momentos cronológicos- de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

“…Se despojou de sua posição e tomou a condição de escravo… se rebaixou até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo deposita dona tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro”.

Vigília Pascal

A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo uma antiquíssima tradição, (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (Lc. 12, 35 ss), tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa.

A Vigília Pascal se desenvolve na seguinte ordem:

Breve Lucernário

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Abençoa-se o fogo. Prepara-se o círio no qual o sacerdote com uma punção traça uma cruz. Depois marca na parte superior a letra Alfa e na inferior Ômega, entre os braços da cruz marca as cifras do anos em curso. A continuação se anuncia o Pregão Pascal.

Liturgia da Palavra

Nela a Igreja confiada na Palavra e na promessa do Senhor, media as maravilhas que desde os inícios Deus realizou com seu povo.

Liturgia Batismal

São chamados os catecúmenos, que são apresentados ao povo por seus padrinhos: se são crianças serão levados por seus pais e padrinhos. Faz-se a renovação dos compromissos batismais.

Liturgia Eucarística

Ao se aproximar o dia da Ressurreição, a Igreja é convidada a participar do banquete eucarístico, que por sua Morte Ressurreição, o Senhor preparou para seu povo. Nele participam pelas primeira vez os neófitos.

Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.

A missa ainda que se celebre antes da meia noite, é a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição. Os que participam desta missa, podem voltara comungar na segunda Missa de Páscoa.

O sacerdote e os ministros se revestem de branco para a Missa. Preparam-se os velas para todos os que participem da Vigília.

SÁBADO SANTO – SANTA VIGÍLIA PASCAL 2022: Tríduo Pascal.

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PRIMEIRA LEITURA DA MISSA

Deus viu tudo quanto havia feito e eis que tudo era muito bom.

Leitura do Livro do Gênesis 1, 1-2, 2

SALMO RESPONSORIAL

Sl 103,1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R.30)

SEGUNDA LEITURA DA MISSA

O sacrifício de nosso pai Abraão.

Leitura do Livro do Gênesis 22, 1-2.9a. 10-13. 15-18

SALMO RESPONSORIAL

Sl 15, 5. 8. 9-10. 11 (R.1a)

TERCEIRA LEITURA DA MISSA

Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar a pé enxuto.

Leitura do Livro do Êxodo 14,15-15,1

SALMO RESPONSORIAL

Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 15,1a)

QUARTA LEITURA DA MISSA

Com misericórdia eterna, eu o teu Senhor, compadecí-me de ti.

Leitura do Livro do Profeta Isaías 54,5-14

SALMO RESPONSORIAL

Sl 29,2.4.5-6.11.12a.13b (R.2a)

QUINTA LEITURA DA MISSA

Vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno.

Leitura do Livro do Profeta Isaías 55,1-11

SALMO RESPONSORIAL

Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3)

SEXTA LEITURA DA MISSA

Marcha para o esplendor do Senhor.

Leitura do Livro do Profeta Baruc 3,9-15.32-4,4

SALMO RESPONSORIAL

Sl 18,8.9.10.11 (R.Jo 6,68c)

SÉTIMA LEITURA DA MISSA

Derramarei sobre vós uma água pura e dar-vos-ei um coração novo.

Leitura da Profecia de Ezequiel 36, 16-17a. 18-28

SALMO RESPONSORIAL

Sl 41,3.5bcd;42,3.4 (R. 41,2)

EVANGELHO DA MISSA

Lucas 24, 1-12

1No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. 2Elas encontraram a pedra do túmulo removida. 3Mas, ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus 4e ficaram sem saber o que estava acontecendo. Nisso, dois homens com roupas brilhantes pararam perto delas. 5Tomadas de medo, elas olhavam para o chão, mas os dois homens disseram: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? 6Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos falou quando ainda estava na Galileia: 7‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia’”. 8Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus. 9Voltaram do túmulo e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros. 10Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos. 11Mas eles acharam que tudo isso era desvario e não acreditaram. 12Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido. – Palavra da salvação.

Reflexão:

No domingo bem cedo, as mulheres foram ao túmulo onde Jesus tinha sido posto. Certamente iam render-lhe homenagem, demonstrar afeto e cuidado pelo mestre e amigo que só fizera o bem e tivera um fim tão trágico: morte na cruz entre bandidos. Lá receberam a alegre notícia de que ele estava vivo e não deveria ser procurado entre os mortos. A lembrança das palavras de Jesus fez com que elas acreditassem que algo novo estava acontecendo e fizeram a ponte entre o fato da ressurreição e o anúncio aos apóstolos. A alegre mensagem que os “homens” deram às mulheres alimentou desde então a fé da Igreja: ele ressuscitou e está vivo entre nós! Elas foram as primeiras anunciadoras da melhor notícia que puderam divulgar. Crer na ressurreição de Jesus é tão importante que dá sentido à nossa fé e à nossa vivência cristã. O papa Francisco nos deixa bela mensagem: “A ressurreição de Cristo é o acontecimento mais fascinante da história humana, que atesta a vitória do amor de Deus sobre o pecado e a morte e doa à nossa esperança de vida um fundamento sólido como a rocha”. A ressurreição de Jesus é expressão do amor do Pai que não aceita que seu Filho permaneça entre os mortos. Ele faz parte dos vivos na eternidade, à qual todos somos convidados.

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Nova edição do Missal Romano entra em vigor nesta Quinta-feira Santa

Noticias da Igreja

A nova tradução do Missal Romano em português, que entra em vigor esta Quinta-feira Santa, depois de “um processo longo” de trabalho. Dom José Cordeiro assinala oportunidade de “consolidação da reforma litúrgica”.

Vatican News

O presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade destacou algumas das alterações da nova tradução do Missal Romano em português, que entra em vigor esta Quinta-feira Santa, depois de “um processo longo” de trabalho.

“O tratamento dado à Mãe de Deus e Mãe da Igreja tem uma nova tradução. Não o habitual Nossa Senhora, como continuamos a fazer na piedade popular, mas pelo diálogo ecuménico, a tradução é de Virgem Santa Maria”, disse D. José Cordeiro, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O arcebispo de Braga acrescentou que, no ato penitencial (confissão), se  recupera o gesto dos “três batimentos”, dizendo ‘por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa’, em respeito ao texto original – porque esta nova tradução, segundo, as normas do Papa Francisco no motu próprio ‘Magnum principium’, obedece às “três fidelidades”, ou seja, ao texto original, “à língua e à cultura em que é traduzido, mas também à compreensão dos textos”.

Outra alteração que a terceira edição do Missal Romano em português apresenta é na narração da instituição da Eucaristia, onde o verbo ‘benedicere’ passa a ser traduzido por ‘bendizer’, em vez de ‘abençoar’.

A oração eucarística é dirigida ao Pai, como toda a oração da liturgia, pelo filho no Espírito Santo, e essa introdução às palavras sacramentais traduzem a atitude de Jesus – “vos bendisse, deu graças” -, que é a atitude maior da oração. Não se tratou apenas de uma bênção como fazemos ao pão, ao vinho, mas deu graças a Deus pela criação e naqueles sinais da própria criação. Ele diz ‘isto é o meu corpo, meu corpo entregue; isto é o meu sangue derramado por todos’, e assim fica muito mais fiel ao texto bíblico e ao sentido da própria oração eucarística, que é o coração da celebração da Missa”.

A terceira edição portuguesa do Missal Romano foi aprovada no dia 14 de novembro de 2019, e validada pelo Papa Francisco, no dia 8 de janeiro de 2021, em audiência à presidência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

“Numa colaboração até muito estreita com a Conferência Episcopal Italiana, que conseguiu a aprovação antes de nós, e com uma intervenção direta do Papa Francisco, conseguimos esta aprovação e com as alterações possíveis na sua edição. Sempre em cooperação com as outras conferências episcopais de língua portuguesa”, assinalou D. José Cordeiro.

Segundo o presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade da CEP, a nova edição serve outros países de Língua Portuguesa – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste -, e há um diálogo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que permite “um acordo estabelecido nas fórmulas sacramentais, nos diálogos da Missa”.

Já este ano, a Conferência Episcopal Portuguesa ofereceu ao Papa um exemplar da nova tradução do Missal Romano em português, que o recebeu “com muito apreço”, num encontro entre Francisco e D. José Cordeiro, no dia 31 de março.

Segundo D. José Cordeiro, esta é uma oportunidade, sobretudo neste momento “da consolidação da reforma litúrgica”, e da consciência de que “é irreversível”, para além da “urgente necessidade da formação litúrgica”, nos ministros da celebração e nas comunidades celebrativas”.

O presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade sublinha a importância de chegar ao “porquê, para um renovado espírito da liturgia”, em ordem a uma participação ativa e consciente de todos.

“Aproveitamos esta ocasião para que seja um renovado tempo de formação litúrgica integral e integrada, porque a Liturgia é como que o lugar síntese da vida da fé e da nossa pertença à Igreja”, desenvolveu.

No mês de fevereiro, os bispos católicos em Portugal aprovaram a Nota Pastoral ‘Celebrar e viver melhor a Eucaristia’, relativa à nova tradução do Missal Romano em português.

O tema vai estar em destaque na emissão desta Quinta-feira Santa do Programa ECCLESIA, na RTP2, pelas 15h00.

PR/CB/OC

Fonte: Agência ECCLESIA.

Missal: a fé celebrada e vivida na Igreja

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Tudo na vida precisa de organização. Organizamos a nossa casa, as nossas coisas, o nosso tempo, enfim, sempre buscamos deixar tudo em ordem para poder ter uma vida melhor e com mais qualidade. Mas você sabia que o Rito da Missa da Igreja Católica também tem uma organização? Pois saiba que sim. Com o grande alcance da Igreja em todo mundo, ter tudo em ordem é de grande importância.

Mas como fazer? Isso é feito por um livro litúrgico chamado Missal, que possui leituras próprias, com as orações que o celebrante deve utilizar na Celebração Eucarística. Ele é divido em partes: Ritos Iniciais (Saudação, Ato Penitencial, Glória e a Coleta), Liturgia da Palavra (Leituras Bíblicas e o Credo), Liturgia Eucarística (Preparação das Oferendas, Prefácio e a Consagração), Rito da Comunhão e os Ritos Finais.

No Missal revivemos o mistério de Cristo, dentro do Tempo Litúrgico, que subentende o Tempo Comum, Advento/Natal e Quaresma/Páscoa. A função do Missal é dar um ordenamento à Liturgia praticada pela Igreja em todo mundo. Desta maneira, os fiéis entram em comunhão e união, e vivem o mistério de Cristo celebrado na liturgia da Igreja.  

O Museu Claretiano de Curitiba tem em sua exposição algumas edições do Missal. Temos o Missal de Exéquias, datado de 1676, que possuio ritual da missa celebrada para um fiel falecido. Há também um exemplar do Missal Tridentino, de 1907. O nome tridentino vem da cidade de Trento, na Itália. Trata-se de um Missal Romano cujo ordenamento foi realizado pelo Concílio de Trento (1545-1563). O Papa São Pio V, em 1570, acatou as sugestões do Concílio e elaborou o Missal Romano, dando forma a liturgia que prevaleceu na Igreja até 1965, aproximadamente. Essas duas edições estão em latim e foram muito utilizadas em missas.

Temos também exposto em nosso museu o Missal que pertenceu ao Pe. José Penalva, que, além de ter dado grandes contribuições na área artística, atuou grandemente no ministério sacerdotal. Pe. Penalva possuía a edição mais recente do Missal, de 1960, com dois idiomas – latim/português. Da liturgia celebrada, Pe. Penalva fez de sua vida um hino de louvor ao Criador.

Quer ver de perto essas e outras relíquias? Já sabe, o Museu Claretiano de Curitiba está de portas abertas esperando a sua visita. Tem alguma sugestão de tema ou assunto que você gostaria de ver aqui no blog do MCC? Escreva para gente: mcc@claretianostudium.com.br

*Colaborou João Marcelo Rocha, funcionário da Biblioteca do Centro Universitário Claretiano – Studium Theologicum. 

https://claretiano.edu.br/blog/mcc/missal-a-fe-celebrada-e-vivida-na-igreja

Quaresma é tempo de correr para igreja?

Reflexão

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Eu sou católico, hoje menos praticante do que gostaria, mas ainda assim tenho minha fé identificada e comungada na religião Católica Apostólica Romana. Durante anos fui engajado na igreja em várias pastorais, incluindo Catequese, Jovens, Dizimo, Coordenação e o Ministério da Palavra e Eucaristia (assim era denominado antes),

Pois bem, dito isso, em todos os longos anos em que fiquei dentro da igreja (15 anos ao todos) e os outros em que me tornei um fiel que celebra e comunga nas missas, eu sempre notei um aumento exponencial de pessoas frequentando na época do Natal (Tempo Litúrgico do Advento e depois Tempo Litúrgico do Natal) e na época da Quaresma (Tempo Litúrgico da Quaresma e Tempo Pascal posteriormente), com o ápice nas celebrações do Natal (véspera e dia), Ano Novo (véspera e dia), Quarta-feira de Cinzas, Quinta-feira Santa (Lava-pés,  Sexta-feira Santa, Sábado de Aleluia e Páscoa.

Depois disso essas mesmas pessoas vão se afastando e se tornam celebrantes casuais.

As igrejas de nossos irmãos protestantes também têm esse aumento, embora, os tempos não sejam celebrados da mesma forma.

Porque isso acontece?

Tradição.

Mas também é uma tradição que está perdendo força ante a modernidade dos meios eletrônicos.

Vale salientar que todo o Ano Litúrgico é muito importante para Igreja, mas em particular o Ciclo Pascal (e aqui temos a Quaresma e o Tempo Pascal) tem sua relevância pelo fato de marcar o ponto máximo da história de Jesus e motivo impar de sermos cristãos: a ultima ceia, o calvário e a ressurreição. Também é tempo de penitência, confissão e jejum. Época para muita oração e reflexão com missas e celebrações mais focadas nessa preparação.

Voltemos então ao assunto que propus. As pessoas acorrem para igreja nessas épocas que citei, mas tem uma predileção pela Quaresma, pois vem de uma tradição familiar de várias gerações. Na geração da minha avó, não se podia varrer a casa numa sexta-feira Santa ou brincar. Na geração dos meus pais não se ouvia música, tentava-se ficar quieto e rezando. Na minha geração algumas coisas foram ficando de lado, mas ainda assim havia-se todo um respeito pela época evitando festas. Nas novas gerações pouco ou quase nada sobreviveu destas tradições, e antes que alguém possa me criticar, eu não estou dizendo que isso é de todo ruim, mas sim que a tradição de ir para igreja vai perdendo espaço para outras maneiras de acessar o divino.

Existem muitas missas que são transmitidas pela internet ou pela TV, ótimo recurso para quem realmente não pode ir na missa, mas causa muito comodismo em quem não quer ir. A pessoa acessa a missa, muitas vezes deixa o som ligado mais alto e vai, digamos assim “cuidar da vida”, limpar a casa, preparar o almoço, temperar a carne do churrasco. Claro que tem suas exceções como em tudo, mas assistir a missa não é celebrar junto. A pandemia colaborou muito para essas ações digitais e de certa forma deixou os fiéis, mal acostumados em não irem na missa, apenas assistirem de casa.

Comungar espiritualmente é bom, mas em casos em que a pessoa realmente não pode ir presencialmente. Participar da Ceia do Senhor e comungar do corpo e sangue de Cristo é celebrar na presença dele.

Por favor não use da hipocrisia de que Deus está em todo os lugares, ele está, todos sabemos, então você não precisa da religião (lugar de encontro e vivência na sua fé).

A igreja não pode ser um lugar frio feito de paredes, bancos ou cadeiras e um rito da missa. A igreja tem que ser feita de pessoas que acolhem.

Outro ponto que noto, particularmente nos últimos anos (mais de 10 para ser honesto) é a falta de acolhida. Sim, essa profusão de pessoas que de certa forma voltam aos bancos das igrejas nessas datas especificas que citei não são acolhidas. A maioria das equipes que estão trabalhando, esquecem que se estas pessoas ficaram muito tempo afastadas devem ter um motivo e se estão naquelas missas especificas devem ser acolhidas para se sentirem à vontade e voltarem sempre ou continuarem. E eu não digo isso sem conhecimento de causa, por um problema pessoal, de saúde até eu fiquei um ano sem conseguir ir numa missa e quando fui, na comunidade em que cresci eu não me senti acolhido, fui cumprimentado, mas ninguém me acolheu, eu celebrei e fui embora como cheguei e voltei como fui sem ser acolhido.

Acolhida não quer dizer festa, mas um seja bem-vindo, interesse porque a pessoa ficou tanto tempo longe. A igreja não pode ser um lugar frio feito de paredes, bancos ou cadeiras e um rito da missa. A igreja tem que ser feita de pessoas que acolhem.

Mas eu entendo até, são poucas pessoas para fazerem muito, e muitas vezes essas poucas pessoas não tem liberdade para proporem algum tipo de ação (ou porque o padre é centralizador ou o restante da equipe não gosta de novas ideias).

Aliás, acolhida é um tema que vou falar em outros textos.

As pessoas que procuram a igreja na Quaresma podem ser trabalhadas, acolhidas incluídas e assim se sentirem com vontade de voltar. Tem pessoas que acham que essas pessoas vão por que é uma época de feriados, eu penso ao contrário, feriados tem o ano todo, elas vão por ainda terem a chama da tradição e respeitarem a igreja.

Então não podemos criticar quem só procura a igreja nessas épocas. A igreja está de portas abertas, assim como Jesus está, para colher a quem precisar. Os irmãos que devem acolher e trazer para dentro esse irmão e fazê-lo sentir-se bem e mostrar que a casa do Pai é também sua casa.

Outra coisa o perdão pode ser dado sempre, basta um coração livre de mágoas, não é só na Páscoa ou no Natal que vale.

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PARA UMA IGREJA SINODAL: COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO E MISSÃO

Uma Igreja Sinodal

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SÍNODO DOS BISPOS 2023
PARA UMA IGREJA SINODAL: COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO E MISSÃO
Documento Preparatório para a Consulta do Povo de Deus (nºs 25-32)
IV. A SINODALIDADE EM AÇÃO: ROTEIROS PARA A CONSULTA DO POVO DE DEUS
25. Iluminado pela Palavra e fundamentado na Tradição, o caminho sinodal enraíza-se na vida concreta do Povo de Deus. Com efeito, apresenta uma peculiaridade que é igualmente um recurso extraordinário: o seu objeto – a sinodalidade – é também o seu método. Em síntese, constitui uma espécie de estaleiro de obras ou experiência-piloto, que permite começar a colher imediatamente os frutos do dinamismo que a progressiva conversão sinodal introduz na comunidade cristã. Por outro lado, não pode deixar de se referir às experiências de sinodalidade vivida, a vários níveis e com diferentes graus de intensidade: os seus pontos fortes e os seus sucessos, assim como os seus limites e as suas dificuldades, oferecem elementos preciosos para o discernimento sobre a direção na qual continuar a caminhar. Aqui, certamente, faz-se referência às experiências ativadas pelo presente caminho sinodal, mas também a todas aquelas em que já se experimentam formas de “caminhar juntos” na vida do dia a dia, mesmo quando o termo sinodalidade nem sequer é conhecido ou utilizado.
A QUESTÃO FUNDAMENTAL
26. A interrogação fundamental que orienta esta consulta do Povo de Deus, como já foi recordado no início, é a seguinte:
Anunciando o Evangelho, uma Igreja sinodal “caminha em conjunto”:
 Como é que este “caminhar juntos” se realiza hoje na vossa Igreja particular?
 Que passos o Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso “caminhar juntos”?
Para dar uma resposta, sois convidados a:
1. perguntar-vos que experiências da vossa Igreja particular a interrogação fundamental vos traz à mente?
2. reler estas experiências mais profundamente: que alegrias proporcionaram? Que dificuldades e obstáculos encontraram? Que feridas fizeram emergir? Que intuições suscitaram?
3. colher os frutos para compartilhar: onde, nestas experiências, ressoa a voz do Espírito? O que ela nos pede? Quais são os pontos a confirmar, as perspectivas de mudança, os passos a dar? Onde alcançamos um consenso? Que caminhos se abrem para a nossa Igreja particular?
DIFERENTES ARTICULAÇÕES DA SINODALIDADE
27. Na oração, reflexão e partilha suscitadas pela interrogação fundamental, é oportuno ter em consideração três níveis em que a sinodalidade se articula como «dimensão constitutiva da Igreja»:20
 o plano do estilo em que a Igreja normalmente vive e atua, que exprime a sua natureza de Povo de Deus a caminho em conjunto e que se reúne em assembleia, convocado pelo Senhor Jesus na força do Espírito Santo para anunciar o Evangelho. Este estilo realiza-se através «da escuta comunitária da Palavra e da celebração da Eucaristia, da fraternidade da comunhão e da corresponsabilidade e participação de todo o povo de Deus, nos seus vários níveis e na distinção dos diversos ministérios e funções, na sua vida e na sua missão»;21
20 COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, A sinodalidade na vida e na missão da Igreja, n. 70.
21 Ibidem.
 o plano das estruturas e dos processos eclesiais, determinados inclusive dos pontos de vista teológico e canónico, em que a natureza sinodal da Igreja se manifesta de maneira institucional a nível local, regional e universal;
 o plano dos processos e eventos sinodais em que a Igreja é convocada pela autoridade competente, em conformidade com procedimentos específicos, determinados pela disciplina eclesiástica.
Embora sejam distintos de um ponto de vista lógico, estes três planos referem-se uns aos outros e devem manter-se unidos de maneira coerente, caso contrário transmite-se um contratestemunho, minando a credibilidade da Igreja. Com efeito, se não se encarnar em estruturas e processos, o estilo da sinodalidade degrada-se facilmente do nível das intenções e dos desejos para aquele da retórica: enquanto processos e eventos, se não forem animados por um estilo adequado, não passam de formalidades vazias.
28. Além disso, na releitura das experiências, é necessário ter em consideração que “caminhar juntos” pode ser entendido de acordo com duas perspectivas diferentes, fortemente interligadas. A primeira diz respeito à vida interna das Igrejas particulares, às relações entre os indivíduos que as constituem (em primeiro lugar, aquela entre os Fiéis e os seus Pastores, também através dos organismos de participação previstos pela disciplina canónica, incluindo o sínodo diocesano) e às comunidades em que se subdividem (de modo particular as paróquias). Em seguida, considera as relações dos Bispos entre si e com o Bispo de Roma, inclusive através dos organismos intermediários de sinodalidade (Sínodos dos Bispos das Igrejas patriarcais e arquiepiscopais maiores, Conselhos de Hierarcas e Assembleias de Hierarcas das Igrejas sui iuris, Conferências Episcopais, com as suas expressões nacionais, internacionais e continentais). Por conseguinte, estende-se à maneira como cada uma das Igrejas particulares integra em si mesma a contribuição das várias formas de vida monástica, religiosa e consagrada, de associações e movimentos laicais, de instituições eclesiais e eclesiásticas de diferentes tipos (escolas, hospitais, universidades, fundações, instituições de caridade e de assistência, etc.). Para finalizar, esta perspectiva abrange também as relações e as iniciativas comuns com os irmãos e as irmãs das demais Confissões cristãs, com os quais partilhamos o dom do mesmo Batismo.
29. A segunda perspectiva tem em consideração o modo como o Povo de Deus caminha em conjunto com toda a família humana. Assim, o olhar contemplará o estado das relações, do diálogo e das eventuais iniciativas comuns com os crentes de outras religiões, com as pessoas afastadas da fé e igualmente com ambientes e grupos sociais específicos, com as respetivas instituições (mundo da política, da cultura, da economia, das finanças, do trabalho, sindicatos e associações empresariais, organizações não governamentais e da sociedade civil, movimentos populares, minorias de vários tipos, pobres e excluídos, etc.).
DEZ NÚCLEOS TEMÁTICOS A APROFUNDAR
30. Para ajudar a fazer emergir as experiências e a contribuir de maneira mais rica para a consulta, em seguida indicamos também dez núcleos temáticos que abordam diferentes aspetos da “sinodalidade vivida”. Deverão adaptar-se aos diferentes contextos locais e, periodicamente, ser integrados, explicados, simplificados e aprofundados, prestando atenção particular a quantos têm mais dificuldade em participar e responder: o Vade-mécum que acompanha este Documento Preparatório oferece instrumentos, percursos e sugestões, a fim de que os diferentes núcleos de interrogações inspirem concretamente momentos de oração, formação, reflexão e intercâmbio.
I. OS COMPANHEIROS DE VIAGEM
Na Igreja e na sociedade, estamos no mesmo caminho, lado a lado. Na vossa Igreja local, quem são aqueles que “caminham juntos”? Quando dizemos “a nossa Igreja”, quem é que faz parte dela? Quem nos pede para caminhar juntos? Quem são os companheiros de viagem, inclusive fora do perímetro eclesial? Que pessoas ou grupos são, expressa ou efetivamente, deixados à margem?
II. OUVIR
A escuta é o primeiro passo, mas requer que a mente e o coração estejam abertos, sem preconceitos. Com quem está a nossa Igreja particular “em dívida de escuta”? Como são ouvidos os Leigos, de modo particular os jovens e as mulheres? Como integramos a contribuição de Consagradas e Consagrados? Que espaço ocupa a voz das minorias, dos descartados e dos excluídos? Conseguimos identificar preconceitos e estereótipos que impedem a nossa escuta? Como ouvimos o contexto social e cultural em que vivemos?
III. TOMAR A PALAVRA
Todos estão convidados a falar com coragem e parrésia, ou seja, integrando liberdade, verdade e caridade. Como promovemos, no seio da comunidade e dos seus organismos, um estilo comunicativo livre e autêntico, sem ambiguidades e oportunismos? E em relação à sociedade de que fazemos parte? Quando e como conseguimos dizer o que é deveras importante para nós? Como funciona a relação com o sistema dos meios de comunicação social (não só católicos)? Quem fala em nome da comunidade cristã e como é escolhido?
IV. CELEBRAR
“Caminhar juntos” só é possível se nos basearmos na escuta comunitária da Palavra e na celebração da Eucaristia. De que forma a oração e a celebração litúrgica inspiram e orientam efetivamente o nosso “caminhar juntos”? Como inspiram as decisões mais importantes? Como promovemos a participação ativa de todos os Fiéis na liturgia e o exercício da função de santificar? Que espaço é reservado ao exercício dos ministérios do leitorado e do acolitado?
V. CORRESPONSÁVEIS NA MISSÃO
A sinodalidade está ao serviço da missão da Igreja, na qual todos os seus membros são chamados a participar. Dado que somos todos discípulos missionários, de que maneira cada um dos Batizados é convocado para ser protagonista da missão? Como é que a comunidade apoia os seus membros comprometidos num serviço na sociedade (na responsabilidade social e política na investigação científica e no ensino, na promoção da justiça social, na salvaguarda dos direitos humanos e no cuidado da Casa comum, etc.)? Como os ajuda a viver estes compromissos, numa lógica de missão? Como se verifica o discernimento a respeito das escolhas relativas à missão e quem participa? Como foram integradas e adaptadas as diferentes tradições em matéria de estilo sinodal, que constituem a herança de muitas Igrejas, especialmente as orientais, em vista de um testemunho cristão eficaz? Como funciona a colaboração nos territórios onde estão presentes diferentes Igrejas sui iuris?
VI. DIALOGAR NA IGREJA E NA SOCIEDADE
O diálogo é um caminho de perseverança, que inclui também silêncios e sofrimentos, mas é capaz de recolher a experiência das pessoas e dos povos. Quais são os lugares e as modalidades de diálogo no seio da nossa Igreja particular? Como são enfrentadas as divergências de visão, os conflitos, as dificuldades? Como promovemos a colaboração com as Dioceses vizinhas, com e entre as comunidades religiosas no território, com e entre associações e movimentos laicais, etc.? Que experiências de diálogo e de compromisso partilhado promovemos com crentes de outras religiões e com quem não crê? Como é que a Igreja dialoga e aprende com outras instâncias da sociedade: o mundo da política, da economia, da cultura, a sociedade civil, os pobres…?
VII. COM AS OUTRAS CONFISSÕES CRISTÃS
O diálogo entre cristãos de diferentes confissões, unidos por um único Batismo, ocupa um lugar particular no caminho sinodal. Que relacionamentos mantemos com os irmãos e as irmãs das outras Confissões cristãs? A que âmbitos se referem? Que frutos colhemos deste “caminhar juntos”? Quais são as dificuldades?
VIII. AUTORIDADE E PARTICIPAÇÃO
Uma Igreja sinodal é uma Igreja participativa e corresponsável. Como se identificam os objetivos a perseguir, o caminho para os alcançar e os passos a dar? Como se exerce a autoridade no seio da nossa Igreja particular? Quais são as práticas de trabalho em grupo e de corresponsabilidade? Como se promovem os ministérios laicais e a assunção de responsabilidade por parte dos Fiéis? Como funcionam os organismos de sinodalidade a nível da Igreja particular? São uma experiência fecunda?
IX. DISCERNIR E DECIDIR
Num estilo sinodal, decide-se por discernimento, com base num consenso que dimana da obediência comum ao Espírito. Com que procedimentos e com que métodos discernimos em conjunto e tomamos decisões? Como podem eles ser melhorados? Como promovemos a participação na tomada de decisões, no seio de comunidades hierarquicamente estruturadas? Como articulamos a fase consultiva com a deliberativa, o processo do decision-making [processo de tomada de uma decisão] com o momento do decision-taking [momento de tomada de decisão]? De que maneira e com que instrumentos promovemos a transparência e a accountability [prestação de contas]?
X. FORMAR-SE NA SINODALIDADE
A espiritualidade do caminhar juntos é chamada a tornar-se princípio educativo para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades. Como formamos as pessoas, de maneira particular aquelas que desempenham funções de responsabilidade no seio da comunidade cristã, a fim de as tornar mais capazes de “caminhar juntas”, de se ouvir mutuamente e de dialogar? Que formação oferecemos para o discernimento e o exercício da autoridade? Que instrumentos nos ajudam a interpretar as dinâmicas da cultura em que estamos inseridos e o seu impacto no nosso estilo de Igreja?
A FIM DE CONTRIBUIR PARA A CONSULTA
31. A finalidade da primeira fase do caminho sinodal é favorecer um amplo processo de consulta, para recolher a riqueza das experiências de sinodalidade vivida, nas suas diferentes articulações e aspetos, envolvendo os Pastores e os Fiéis das Igrejas particulares em todos os diversificados níveis, através dos meios mais adequados, em conformidade com as realidades locais específicas: a consulta, coordenada pelo Bispo, destina-se «aos Presbíteros, Diáconos e Fiéis leigos das suas Igrejas, individualmente ou associados, sem transcurar a valiosa contribuição que pode vir dos Consagrados e das Consagradas» (Constituição Apostólica Episcopalis communio, n. 7). De maneira particular, solicita-se a contribuição dos organismos de participação das Igrejas particulares, especialmente do Conselho presbiteral e do Conselho pastoral, a partir dos quais verdadeiramente «pode começar a tomar forma uma Igreja sinodal».22 Será igualmente preciosa a contribuição das outras realidades eclesiais às quais o Documento Preparatório for enviado, assim como daqueles que quiserem enviar diretamente a própria contribuição. Finalmente, será de importância fundamental que encontre espaço também a voz dos pobres e dos excluídos, e não somente daqueles que desempenham alguma função ou responsabilidade no seio das Igrejas particulares.
32. A síntese que cada Igreja particular elaborar na conclusão deste trabalho de escuta e discernimento constituirá a sua contribuição para o percurso da Igreja universal. Para tornar mais fáceis e sustentáveis as fases sucessivas do caminho, é importante conseguir condensar os frutos da oração e da reflexão, no máximo, em dez páginas. Se for necessário, para as contextualizar e explicar melhor, poderão ser anexados outros textos como apoio ou integração. Recordamos que o objetivo do Sínodo, e, por conseguinte desta consulta, não consiste em produzir documentos, mas em «fazer germinar sonhos, suscitar profecias e visões, fazer florescer a esperança, estimular confiança, faixar feridas, entrançar relações, ressuscitar uma aurora de esperança, aprender uns dos outros e criar um imaginário positivo que ilumine as mentes, aqueça os corações, restitua força às mãos».23
22 FRANCISCO, Discurso na Comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, cit.
23 FRANCISCO, Discurso no início do Sínodo dedicado aos jovens, 3 de outubro de 2018.

Sínodo Bispos 2023 – Item IV do Documento Preparatório – questionário

Sínodo: sabe o que é?

Igreja Católica

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Padre Fabio Siqueira – Rio de Janeiro

De 06 a 27 de outubro realizar-se-á em Roma a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, que foi convocado pelo Papa Francisco no dia 15 de outubro de 2017, na Missa de canonização dos mártires de Uruaçú e Cunhaú. Muitos rumores e suspeitas têm sido levantados com relação ao Sínodo.

Em virtude disso, é importante esclarecer os fiéis para que entendam, em primeiro lugar, o que é o Sínodo e qual sua função; depois, o que o ensinamento da Igreja fala sobre as questões ecológicas; por último, esclarecer que o Sínodo da Amazônia de forma alguma representa quebra de unidade no que diz respeito à fé católica. Resolvemos fazer esse presente instrumento de esclarecimento em forma de perguntas e respostas, porque assim nos pareceu mais didático.

1) O que significa a palavra “sínodo”?

O termo “sínodo” deriva do grego “sýnodos”, que significa “reunião”. O termo é composto pelo prefixo “syn” (junto com/junto de/junto a) e pelo substantivo “hodós” (caminho). O verbo grego synodéo significa “fazer um caminho com alguém”.

2) O que é o “Sínodo dos Bispos”?

A Constituição Dogmática Lumen Gentium, no seu n. 22, apresenta o episcopado como um “Colégio” que tem à sua frente o sucessor de Pedro, o Papa. Assim procedendo, o documento deixou claro que cabe aos bispos, sempre em união com o Romano Pontífice, em virtude do múnus de ligar e desligar que também receberam, enquanto sucessores dos Apóstolos, participar ativamente nas decisões que afetam a vida eclesial.

Assim se exprime a Lumen Gentium em um trecho do n. 22:

“Enquanto composto de muitos, este Colégio exprime a variedade e a universalidade do Povo de Deus; e enquanto unido sob um Chefe, exprime a unidade do rebanho de Cristo. Nele, os Bispos, respeitando fielmente o primado e o principado de seu Chefe, gozam do poder próprio para o bem dos seus fiéis e mesmo para o bem de toda a Igreja, revigorando sempre o Espírito Santo sua estrutura orgânica e a sua concórdia.”

A constituição, de fato, deste Sínodo se deu em 15 de setembro de 1965, pelo Papa Paulo VI, através da Carta Apostólica sob a forma de Motu Proprio “Apostolica Sollicitudo”. Ali se define o que seja o Sínodo dos Bispos, de acordo com o pensamento dos padres conciliares expresso na Lumen Gentium. A função do sínodo é “consultiva” (edocendi et concilia dandi se afirma no original latino). Contudo, o Sínodo pode ter uma função deliberativa, sendo que esta precisa ser ratificada pelo Romano Pontífice.

O decreto Christus Dominus, sob o múnus pastoral dos bispos na Igreja, assim se exprime no seu n. 5 com relação ao Sínodo dos Bispos recém instituído: “Alguns Bispos das diversas regiões do mundo, escolhidos do modo e processo que o Romano Pontífice estabeleceu ou vier a estabelecer, colaboram mais eficazmente com o pastor supremo da Igreja formando um Conselho que recebe o nome de Sínodo Episcopal. Este Sínodo, agindo em nome de todo o Episcopado católico, mostra ao mesmo tempo que todos os Bispos em comunhão hierárquica participam da solicitude por toda a Igreja.”

Um bom ponto de partida é a etimologia da palavra, composta das palavras gregas “Syn” (“Com”) e “Hodos” (“Caminho”). Sínodo significa, então, “caminho com”, ou “caminho juntos”. É necessário, porém, dar um passo a mais.

Na Igreja Católica, o Sínodo dos Bispos é um conselho estável de Bispos para a Igreja universal, sujeito imediatamente à autoridade do Papa, erigido e constituído oficialmente pelo Papa São Paulo VI, por meio do Motu Proprio intitulado Apostolica Sollicitudo, no dia 15 de setembro de 1965.

3) Por que um Sínodo sobre a Amazônia

Em primeiro lugar, porque a Igreja se preocupa com todos os fiéis e, também, com os problemas do mundo em geral. Existem muitos cristãos na Amazônia que estão desassistidos: passam meses, senão anos, sem os sacramentos. Existe uma enorme escassez de clero naquela região. E, além disso, existem problemas sociais gravíssimos em todas áreas: educação, saúde, mobilidade etc. Um outro problema que assola a região amazônica é a questão ecológica.

A preocupação com a ecologia não é uma novidade do ministério do Papa Francisco. O apelo a que se cuide do planeta tem ecoado no Magistério dos últimos Papas. Aqui recordamos o ensinamento de Paulo VI; São João Paulo II; o Papa Emérito Bento XVI e, por último, o atual Pontífice, Francisco:

Papa Paulo VI (Carta Apostólica Octogesima Adveniens, 21 – 14/05/1971)

“À medida que o horizonte do homem assim se modifica, a partir das imagens que se selecionam para ele, uma outra transformação começa a fazer-se sentir, consequência tão dramática quanto inesperada da atividade humana. De um momento para outro, o homem toma consciência dela: por motivo da exploração inconsiderada da natureza, começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação. Não só já o ambiente material se torna uma ameaça permanente, poluições e lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto; é mesmo o quadro humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se-lhe insuportável. Problema social de envergadura, este, que diz respeito à inteira família humana.”

Papa São João Paulo II (Mensagem para o Dia Mundial da Paz – 1990)

“Perante a difusa degradação do ambiente, a humanidade já se vai dando conta de que não se pode continuar a usar os bens da terra como no passado. A opinião pública e os responsáveis políticos estão preocupados com isso; e os estudiosos das mais diversas disciplinas debruçam-se sobre as causas do que sucede. Está assim a formar-se uma consciência ecológica, que não deve ser reprimida, mas antes favorecida, de maneira que se desenvolva e vá amadurecendo até encontrar expressão adequada em programas e iniciativas concretas.”

Papa Emérito Bento XVI (Carta Encíclica Caritas in Veritate, n. 48 – 29/06/2009)

“O tema do desenvolvimento aparece, hoje, estreitamente associado também com os deveres que nascem do relacionamento do homem com o ambiente natural. Este foi dado por Deus a todos, constituindo o seu uso uma responsabilidade que temos para com os pobres, as gerações futuras e a humanidade inteira.”

Papa Francisco (Carta Encíclica Laudato Sì, n. 14 – 24/05/2015)

“Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. O movimento ecológico mundial já percorreu um longo e rico caminho, tendo gerado numerosas agregações de cidadãos que ajudaram na consciencialização. Infelizmente, muitos esforços na busca de soluções concretas para a crise ambiental acabam, com frequência, frustrados não só pela recusa dos poderosos, mas também pelo desinteresse dos outros. As atitudes que dificultam os caminhos de solução, mesmo entre os crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas. Precisamos de nova solidariedade universal. Como disseram os bispos da África do Sul, «são necessários os talentos e o envolvimento de todos para reparar o dano causado pelos humanos sobre a criação de Deus.”

Basta uma breve pesquisa pelas notas de rodapé da Laudato Sí e dos outros documentos citados acima, para percebermos que o discurso cristão católico sobre o meio ambiente já dura décadas e já se tornou parte integrante do que chamamos Doutrina Social da Igreja. Portanto, não deveria causar tanta estranheza nos fiéis um Sínodo que fale sobre a Amazônia, que se preocupe com questões relativas à ecologia.

Contudo, os mais acalorados debates não tem sido somente sobre o envolvimento da Igreja no desejo de dar o seu parecer a respeito do cuidado devido ao planeta, enquanto casa comum. A grande sombra que se lança no sínodo da Amazônia vem de uma das propostas que foram recolhidas no Instrumentum Laboris que diz respeito à ordenação de homens casados para o ministério presbiteral.

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4) O que é um Instrumentum Laboris

Antes de entrar nesse tema do celibato, vale ressaltar que o Instrumentum Laboris é o que o seu nome diz: um “instrumento de trabalho”. Fruto de uma larga consulta, feita a todos os estamentos da Igreja, o “instrumento” tem como função mostrar os diversos aspectos do problema que se quer tratar, suas nuances, o modo como isso afeta a vida da Igreja e quais as propostas que vem das bases para serem discutidas pelos bispos e APROVADAS OU NÃO. Isso mesmo: APROVADAS ou NÃO.

Quem vai decidir se tais propostas são válidas ou não, são os bispos juntamente com o Papa, que ratificará ou não suas decisões, uma vez que o Pontífice está acima do Sínodo e de qualquer colégio no que diz respeito ao seu tríplice múnus. O Sínodo pode aproveitar propostas, melhorar outras, rejeitar as que não forem convenientes e elaborar outras que melhor correspondam à fé e ao momento eclesial atual.

“A igreja, quando convoca um Sínodo, ela quer pensar a sua própria dinâmica, a sua própria maneira de ser no mundo porque é no mundo que ela realiza sua missão. E quando a gente avalia a caminhada da igreja, a gente percebe que algumas se perderam. O desdobramento imediato é a gente construir estruturas de fraternidade, de justiça, de garantia de vida plena pra todos”, defendeu o professor doutor em teologia Edward Guimarães.

5) Ordenar homens casados é uma “heresia”?

Em primeiro lugar, devemos entender o que é “heresia”. O conceito de heresia está no n. 751 do Código de Direito Canônico: Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela. Não pode haver heresia se não há negação de uma “verdade de fé”, ou seja, de um “dogma”. Ora, o celibato não é um dogma, mas uma disciplina eclesiástica, que pode mudar ou não, de acordo com o juízo do magistério eclesial.

As Igrejas ortodoxas e mesmo as Igrejas católicas de rito oriental possuem uma disciplina diferente. Os padres casados dessas Igrejas seriam “hereges”? Seria um absurdo fazer tal afirmação. Lembremo-nos que, antes do Concílio Vaticano II, não se ordenavam homens casados para o diaconato e agora se ordenam os viri probati. Seriam os diáconos casados “hereges”? Querer intitular como heresia uma simples proposta que ainda não foi nem discutida e nem, muito menos, aceita, pode ser um absurdo. Isso só pode se dar por puro desconhecimento de conceito ou, na pior das hipóteses, por má fé.

6) O que devemos fazer?

Devemos, em primeiro lugar, rezar com respeito filial pelos bispos e pelo Santo Padre, para que o Espírito Santo do Senhor os ilumine na sua jornada sinodal. Lembremo-nos de At 12,5: “Mas, enquanto Pedro estava sendo mantido na prisão, fazia-se incessantemente oração a Deus por parte da Igreja, e favor dele.” A Igreja primitiva “rezava por Pedro”. Vemos muitos que se dizem cristãos manchando o bom nome de Pedro, defraudando a imagem de nosso querido Papa Francisco.

Depois, devemos nos recordar do que ensina o Código de Direito Canônico no cânon 753: “Os Bispos, que se acham em comunhão com a cabeça e os membros do Colégio, quer individualmente, quer reunidos nas Conferências dos Bispos ou em concílios particulares, embora não gozem da infalibilidade do ensinamento, são autênticos doutores e mestres dos fiéis confiados a seus cuidados; os fiéis estão obrigados a aderir, com religioso obséquio de espírito, a esse autêntico Magistério dos bispos”.

Se um clérigo isolado ou determinado grupo ou associação de fiéis manifesta claro desprezo pelo Pontífice e incita o povo a deixar de seguir seus ensinamentos, os fiéis em comunhão com o Papa não devem se deixar influenciar por estas opiniões pessoais ou ataques, pois um bom católico não segue quem busca dividir a Igreja de Cristo.

Padre Fabio da Silveira Siqueira é padre da Arquidiocese do Rio de Janeiro, vice-diretor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida e doutorando em Teologia Bíblica – PUC/RJ.

Texto extraído do site Vatican News

Documentos citados nesse texto (clique nos links e leia na integra)

A fé defendida numa AK-47

Especial: A fé do Talibã

O mundo tem acompanhado a volta do Talibã ao comando do Afeganistão. Um retorno até previsível com a saída das tropas Norte-americanas do país (aliás, as tropas ainda estão saindo enquanto escrevo este texto.

É uma guerra politica, mas com um viés religioso. O Talibã defende um islamismo radical, numa vertente forte que tira os direitos das mulheres e prega também a violência contra todas as pessoas que não forem da religião. Por esse motivo mesmo o mundo se espanta, mas será que todo o povo afegão também se espanta?

Infelizmente, não.

No Alcorão Sagrado a “jihad”(guerra santa) é descrita como uma luta para defender a religião islâmica contra quem ataca a religião. No capítulo 16, versículos 125 a 127 diz-se: “Convida (todos) para o caminho do teu Senhor com sabedoria e sermões belos, e discute com eles nas formas que sejam mais belas e mais graciosas: pois o vosso Senhor conhece bem quem se desviou do Seu caminho, e aqueles que recebem os Seus ensinamentos. Se os punis, então puni-os do mesmo modo com fostes atormentados. Mas se persistirdes pacientemente, isso será melhor para o paciente. Sejai pacientes. A vossa paciência existe apenas através de Deus”

São ao todo 12 capítulos que contém versículos diversos sobre a jihad, mas sempre é importante lembra que o Alcorão era transmitido oralmente, havia uma proibição de se imprimir o livro e quando isso foi feito, com certeza, muita coisa das pregações originais do profeta Muhammad (Maomé numa tradução ocidental bem errada) foi distorcida, alterada ou até perdida. Aconteceu a mesma coisa com a Bíblia (muita coisa alterada) e livros inteiros suprimidos.

Assim surgiram as alas muçulmanas, todas respeitando Alah e seguindo o Alcorão. Todas dispostas a lutar, mas também com diferentes tipos de ação. Um bom exemplo é o fato de que sunitas e xiitas são diferentes vivendo no mesmo território.

O que o Talibã defende é (na opinião deles) evitar uma contaminação da própria cultura, costumes e religião, sem levar em conta que vivemos num mundo cada vez mais plural e globalizado. A internet (e eu tenho minhas ressalvas também) aproximou as pessoas e de certa maneira fez com que todo mundo acabasse sendo influenciado por outras culturas. Se isso é bom ou ruim é outra história.

Porém, impedir que mulheres tenham acesso a educação, que exerçam várias profissões, que sejam obrigadas a se casarem com 15 anos contra vontade, que crianças só conheçam uma visão das coisas é algo muito ruim (na minha opinião). Também existem proibições impostas pelo Talibã as mulheres que beiram o ridiculo, mas são encaradas com seriedade e severidade por eles.

Mas temos também o fato de não entendermos totalmente a religião islâmica. Como realmente funciona. Temos recortes do que não vivemos. O radicalismo de qualquer grupo (seja politico, ideológico, religioso) é sempre complicado, e o mundo sabe, através da história que as pessoas que chegam ao poder disparando balas, tomam o controle através das armas, da violência e da intimidação, pregando uma verdade absoluta sempre fazem mais mal do que bem. Aliás, não existe uma verdade absoluta. Já perguntava Pilatos: “O que é a verdade?”

É um conflito politico-religioso que dura muitos anos e é defendido por radicais armados de lança misseis, bombas, espadas e fuzis AK-47, prontos para matar, mas também para morrer em nome do que acreditam. Resta a nós rezarmos pelo povo que ficará no fogo cruzado.

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COMO SURGIU O TALIBÃ?

Quando as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão nos anos 1990, o país foi tomado por uma série de conflitos entre facções que brigavam pelo controle da nação. Neste contexto de guerra civil, surge em 1994 o Talibã, sob a liderança do Mullah Mohammed Omar.

O grupo, criado no sul do Afeganistão, tem origem nas tribos que ocupavam a fronteira do país com o Paquistão. É formado principalmente pelos pashtun, um povo que lutou contra o imperialismo britânico, a invasão soviética e hoje se dedica a combater a intervenção do ocidente na região.

Em 1997, pouco tempo após o seu surgimento, o Talibã conquista o controle do Afeganistão, sendo muito bem recebido por significativa parte da população. Isto porque, após um longo período de guerras, o grupo estabeleceu a paz no território, combateu a corrupção e tornou as estradas mais seguras para o desenvolvimento do comércio. Apesar desse apoio interno, o Talibã só teve o seu governo reconhecido por três países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão.

Após os ataques em 11 de setembro de 2001, o Afeganistão foi invadido pelas tropas estadunidenses. As alegações de que o Talibã protegia Osama Bin Laden – responsável pelo ataque – motivaram uma coalizão liderada pelos Estados Unidos a destituir o Talibã do poder. Mas isso não impediu o grupo de continuar exercendo influência, na época controlando quase 90% do Afeganistão. Os Talibãs continuaram sua luta, agora na clandestinidade.

OBJETIVOS E AÇÕES DO GRUPO

Quando surgiu, o Talibã tinha como objetivo restaurar a paz e a segurança em um Afeganistão marcado pela guerra civil. Mas não era só isso! O grupo também pretendia impor sua versão da Sharia, lei islâmica. Com o tempo, suas motivações os levaram a cometer ações bastante rígidas e questionáveis, como execuções públicas, proibição de toda a influência ocidental, proibição do cinema, da música e da televisão, obrigatoriedade do uso da burca pelas mulheres e proibição de escolas para as meninas. Hoje em dia, as ações do Talibã são pautadas na recuperação do território e em expulsar os Estados Unidos e a OTAN do país, desde a ocupação em 2001.

Talibã (também transliterado TalebanTaliban ou Talebã, do pachto: طالبان, transl. ṭālibān, “estudantes”) é um movimento fundamentalista e nacionalista islâmico que se difundiu no Paquistão e, sobretudo, no Afeganistão, a partir de 1994 e que, efetivamente, governou cerca de três quartos do Afeganistão entre 1996 e 2001, apesar de seu governo ter sido reconhecido por apenas três países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão. Seus membros mais influentes eram ulemás (isto é, teólogos) em suas vilas natais. O movimento desenvolveu-se entre membros da etnia pachtun, porém também incluía muitos voluntários não afegãos do mundo árabe, assim como de países da Eurásia e do Sul e Sudeste da Ásia. É, oficialmente, considerado como organização terrorista pela Rússia, União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Emirados Árabes Unidos e Cazaquistão.

A bandeira do declarado Emirado Islâmico do Afeganistão traz a  Shahada — ou Chahada ou Chacado, em português —, que é o primeiro dos cinco pilares do islamismo.  A mensagem escrita na bandeira é “La Illaha Ila Allah Muhamad Rasulu Allah”, que significa “não há outra divindade além de Deus, e Muhammad é o mensageiro de Deus”…. – 

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Bandeira do Talebã

A RELAÇÃO COM A AL-QAEDA

O Afeganistão possui dois conhecidos grupos terroristas atuando em seu território: o Talibã e a Al-Qaeda. Inicialmente, esses dois grupos eram opositores, mas essa relação foi mudando ao longo do tempo. Após um encontro entre Osama Bin Laden e o Mullah Mohammed Omar, em 1996, os dois grupos estabeleceram uma aliança, principalmente para unir forças no controle do Afeganistão.

Mas apesar de serem aliados, existem enormes diferenças entre o Talibã e a Al-Qaeda. A principal delas é que o Talibã é uma organização provincial, que age apenas na sua região e não realiza ataques em países do ocidente, ao contrário da Al-Qaeda. Outra diferença é que o Talibã é composto por membros de tribos afegãs, enquanto a Al-Qaeda é composta por árabes.

O ATENTADO A MALALA YOUSAFZAI

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Malala Yousafzai venceu o Prêmio Nobel da Paz em 2014. Foto: Pietro Naj-Oleari/ European Parliament.

O Talibã é responsável por diversos ataques, mas sem dúvidas o mais conhecido deles aconteceu em outubro de 2012, quando a estudante Malala Yousafzai foi baleada ao sair da escola, na cidade de Mingora, Paquistão. Na época com 15 anos, Malala já se destacava no país por sua luta pela educação de meninas e adolescentes. O caso passou a ser acompanhado por todo o mundo e dois anos depois, aos 17 anos, Malala foi uma das vencedoras do Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho em defesa da educação feminina.

Entenda como o Talibã recuperou o poder no Afeganistão em 2021

Apenas três meses e meio depois do início da retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão, e com poucas semanas de combates, o grupo radical Talibã recuperou o controle do país . O grupo extremista já havia governado entre 1996 e 2001. Dia 29 de fevereiro de 2020: o Talibã e os Estados Unidos firmam um histórico acordo em Doha, no Catar. O pacto prevê a retirada completa das tropas estrangeiras para maio de 2021 e os talibãs se comprometem a negociar com o governo afegão e a reduzir os atos violentos.

Começam as primeiras negociações de paz diretas entre os insurgentes e o governo afegão, mas a violência continua e se multiplicam os atentados contra jornalistas, juízes, médicos e membros da sociedade civil. Em 1º de maio de 2021 começa de forma oficial a partida dos últimos 2.500 soldados americanos do Afeganistão e 7.000 da Otan. Assim que a retirada é iniciada, combates entre os talibãs e o exército afegão são registrados no sul. E no norte, os rebeldes conquistam o distrito de Burka, na província de Baghlan.

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A Taliban fighter mans a machinegun on top of a vehicle as they patrol along a street in Kabul on August 16, 2021, after a stunningly swift end to Afghanistan’s 20-year war, as thousands of people mobbed the city’s airport trying to flee the group’s feared hardline brand of Islamist rule. (Photo by Wakil Kohsar / AFP)

Em 2 de julho , as tropas da Otan e os dos Estados Unidos se retiraram da Base Aérea de Bagram, a maior do país. Alguns dias depois, o presidente Joe Biden anuncia que a retirada das tropas seria ‘concluída em 31 de agosto’. O avanço talibã se acelera. Dia 6 de agosto , os talibãs conquistam sua primeira capital provincial, Zaranj, no sudoeste do país, e dia 8, Kunduz, uma grande cidade do norte.

No dia 12 de agosto , Washington e Londres anunciam o envio de milhares de soldados a Cabul para evacuar os cidadãos. Em dois dias, os talibãs tomam Kandahar, a segunda cidade do país, Lashkar Gah, Pul-i-Alam, a 50 km da capital Cabul, Mazar-i-Sharif, o último bastião do norte que seguia sob controle do governo.

A 12 de Agosto de 1998, os Talibãs queimaram toda a coleção de 55 000 livros de uma das mais belas bibliotecas públicas do Afeganistão. Pertencente à Fundação Nasser Khosrow, manuscritos datados de há dez séculos, incluindo um exemplar de Alcorão com cerca de dez séculos, estavam expostos ao lado de muitos autores ocidentais. O movimento usou RPG (lança granadas) para levar a cabo a destruição completa

Dia 15 de agosto , os talibãs tomam Cabul. O presidente Ashraf Ghani foge e os insurgentes entram sem violência no palácio presidencial. A queda de Cabul causa pânico na capital. Milhares de pessoas correm para o aeroporto, com a esperança de escapar, enquanto os países ocidentais organizam a evacuação de seus cidadãos e de pessoas sob sua proteção. A ‘zona verde’, que abriga embaixadas e organizações internacionais, fica deserta. E agora é patrulhada por talibãs armados.

Depois de implementar um rigoroso regime islâmico e surpreender o mundo com algumas ações mais extremas, procederam a destruição dos Budas de Bamiyan (Patrimônio da Humanidade), que, depois de sobreviver quase intactos durante 1 500 anos, foram destruídos com dinamite e disparos de tanques. Em março de 2001, os dois maiores Budas foram demolidos em alguns meses de bombardeio pesado. O governo islâmico do Talibã criticou a UNESCO e as ONGs do exterior pela doação de recursos para reparar essas estátuas quando haveria muitos problemas urgentes no Afeganistão e decretou que as estátuas eram ídolos e, portanto, contrárias ao Alcorão.

Regime Talibã: saiba 29 proibições que são impostas às mulheres

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O regime Talibã é considerado um dos mais radicais e primitivos da história, principalmente em relação às mulheres. Aplicado no Afeganistão, submete a mulher a tratamentos desumanos. Em sua aplicação radical do Sharia (código de leis do islamismo), a mulher é excessivamente marginalizada, causando grande indignação ao redor do mundo.

É impossível resumir em alguns pontos o abuso, a humilhação e os maus-tratos permanentes a que são submetidas as mulheres. Mas mesmo assim, a RAWA (Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão) elencou 29 pontos, um mais humilhante e cruel que outro, para que a população mundial possa ter uma ideia do sofrimento que é a vida dessas mulheres. Confira:

1. Total proibição do trabalho feminino fora de casa. Apenas algumas médicas e enfermeiras estão autorizados a trabalhar nos hospitais de Cabul.

2. Total proibição de qualquer atividade feminina fora de casa se a mulher não estiver acompanhada por um mahram (parente próximo do sexo masculino, como pai, irmão ou marido).

3. São impedidas de fazer compras com comerciantes masculinos.

4. Não podem ser tratadas por médicos do sexo masculino.

5. Proibidas de estudar em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional (o Taliban converteu as escolas para meninas em seminários religiosos).

6. Obrigação do uso da burca, vestimenta que as cobre da cabeça aos pés.

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7. As mulheres que não se vistam conforme as regras do Talibã ou que não estejam acompanhadas por um mahram são açoitadas, espancadas ou ofendidas verbalmente.

8. Açoites públicos contra as mulheres que não escondem seus tornozelos.

9. Apedrejamento público contra as mulheres acusadas de ter relações sexuais fora do casamento (muitas delas são apedrejadas até a morte).

10. Proibição do uso de cosméticos (muitas mulheres que pintaram as unhas tiveram os dedos amputados).

11. Proibição de falar ou apertar as mãos de homens não-mahram

12. Proibição de rir alto (nenhum estrangeiro pode ouvir a voz de uma mulher).

13. São proibidas de usar sapatos de salto alto, que podem produzir som ao caminhar (um homem não pode ouvir os passos de uma mulher).

14. Proibidas de andar em táxi sem o mahram.

15. Proibidas de participar de programas de rádio, televisão ou de reuniões públicas de qualquer espécie.

16. Proibidas de praticar esportes e de entrar em centros esportivos ou clubes.

17. Proibidas de andar de bicicleta ou motos.

Obrigação do uso da burca, vestimenta que as cobre da cabeça aos pés.

18. Proibidas de usar roupas muitos coloridas. Para o Taliban, isso as tornam sexualmente atrativas.

19. Proibidas de participar de encontros festivos com fins recreativos.

20. Proibidas de lavar as roupas em rios ou qualquer outro lugar público.

21. No país foram alterados todos os nomes de ruas e praças que tivessem a palavra “mulher”. Por exemplo, “Jardim das Mulheres” se chama agora “Jardim da Primavera”.

22. Proibidas de aparecer nas varandas de seus apartamentos ou casas.

23. Janelas de vidro são pintadas para que as mulheres não sejam vistas do lado de fora de suas casas.

24. Os alfaiates são proibidos de costurar roupas femininas ou até tomar as suas medidas.

25. Proibidas de usar banheiros públicos.

26. Mulheres e homens são proibidos de viajar no mesmo ônibus. Os ônibus são divididos em “só para homens” ou “só para mulheres”.

27. Proibidas de usar calças, mesmo debaixo da burca.

28. É proibido fotografar ou filmar mulheres.

29. É proibido publicar imagens de mulheres em revistas, jornais, livros ou cartazes de qualquer ordem.

Além dessas restrições, as mulheres também não podem ouvir música, assistir filmes ou comemorar a chegada do Ano Novo (Nowroz). Para os Talibãs essa é uma festa pagã. (Fonte: F5 Portal) 

Só lembrando que os muçulmanos acreditam que Deus é único e incomparável e o propósito da existência é adorá-lo. Eles também acreditam que o islão é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi revelada em muitas épocas e lugares anteriores, incluindo por meio de AbraãoMoisés e Jesus, que eles consideram profetas. Os seguidores do islão afirmam que as mensagens e revelações anteriores foram parcialmente alteradas ou corrompidas ao longo do tempo, mas consideram o Alcorão (ou Corão) como uma versão inalterada da revelação final de Deus. Os conceitos e as práticas religiosas incluem os cinco pilares do islão, que são conceitos e atos básicos e obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica, que atinge praticamente todos os aspectos da vida e da sociedade, fornecendo orientação sobre temas variados, como sistema bancário e bem-estar, à guerra e ao meio ambiente.

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A maioria dos muçulmanos pertence a uma das duas principais denominações; com 80% a 90% sendo sunitas e 10% a 20% sendo xiitas. Cerca de 13% de muçulmanos vivem na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo. 25% vivem no Sul da Ásia, 20% no Oriente Médio, 2% na Ásia Central, 4% nos restantes países do Sudeste Asiático e 15% na África Subsaariana. Comunidades islâmicas significativas também são encontradas na China, na Rússia e em partes da Europa. Comunidades convertidas e de imigrantes são encontradas em quase todas as partes do mundo (veja: muçulmanos por país). Com cerca de 1,41-1,57 bilhão de muçulmanos, compreendendo cerca de 21-23% da população mundial, o islão é a segunda maior religião  e uma das que mais crescem no mundo

Uma artista importante em meio ao caos

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Nos muros de Cabul estão as personagens feitas pela primeira mulher grafiteira do Afeganistão: elas não têm bocas, mas frequentemente trazem instrumentos musicais como porta-vozes. 🎹 Shamsia Hassani retrata as mulheres afegãs vivendo em uma sociedade predominantemente masculina e que já foi considerada a mais perigosa do mundo para uma mulher viver: “Enquanto trabalho nas minhas obras de arte, penso quase 80% do tempo no meu povo que está em busca da paz”. Suas obras dão às mulheres afegãs um rosto diferente dos estereótipos, algumas literalmente “de cabeça erguida”, têm ousadia, poder, ambições e vontade de atingir objetivos.

🐦 Na série Birds of No Nation [Pássaros de nenhuma nação], por exemplo, Shamsia pinta mulheres que observam cidades a partir de telhados e muros, em referência às conterrâneas que migram para outros países e que “não têm mais nacionalidade, são de lugar nenhum, apenas buscam segurança”.

Em Secret [Segredo], ela pinta mulheres com burcas transparentes. Recentemente, a artista tem retratado sua personagem principal (de olhos fechados e cabeça coberta) tentando oferecer um vaso de flor a um homem armado. 🌼 Shamsia Hassani nasceu refugiada em Teerã, no Irã, em 1988. Queria, mas não pôde estudar arte na escola, devido à sua nacionalidade afegã.

De volta à terra natal, em 2005, decidiu usar a arte para transformar narrativas, trazer inspiração e esperança às mulheres afegãs, lecionando arte na Universidade de Cabul. Conheça: @shamsiahassani

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Leia mais:

https://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2015-12-11-a-violencia-no-alcorao/

https://www.bonde.com.br/comportamento/em-dia/regime-taliba-saiba-29-proibicoes-que-sao-impostas-as-mulheres-297421.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Talib%C3%A3

https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o

https://www.pelomundodf.com.br/noticia/62509/entenda-como-o-taliba-recuperou-o-poder-no-afeganistao

Modernizar e Catequisar

Catequese Sempre

por Milton Cesar

A catequese sempre foi uma experiência pessoal, interior até. Mas também sempre foi algo de encontro, de se dividir experiências e vivências.

Mas diante de uma pandemia mundial, tudo mudou. Não é possível mais aglomerar ou realizar os encontros presenciais, e isso por si só pegou muita gente de surpresa. Pastorais da Crisma e da Catequese nem estavam preparadas para esse momento tão impar, mas que é perfeitamente possível de se acontecer.

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O modo de se realizar as catequeses sempre foi o da vivência e da experiência conjunta. Forma-se grupos e são realizados um número de encontros a contento para a formação e preparo desse catequizando, afim de que ele receba os sacramentos da iniciação cristão, sobremaneira a 1ª Eucaristia e a Confirmação do Batismo (Crisma). Esse modo de se realizar a catequese é bem tradicional, e exceto por novas experiências com adultos, onde o catequista realiza encontros com 1 ou 2 catequizandos, as paróquias e comunidades em geral seguem a linhas dos encontros em grupo.

Com a pandemia de Covid-19 isso mudou, e o pior, muitas paróquias preferiram adiar os grupos de catequese a aderirem a um formato online (que a meu ver seria o mais aconselhável nesse momento).

Lembrando que a Catequese é permanente na vida do católico. Em todos os espaços se pratica a catequese. Pois a todo momento é tempo de se instruir na fé.

Penso que a partir desse momento tão difícil que passamos é preciso pensar na proteção das pessoas, dos fiéis e seus familiares que congregam da fé e ter o cuidado com a realização das missas. Também cuidados com os catequizandos, sejam crianças, jovens ou adultos.

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Mas, penso também, que não podemos cogitar a possibilidade de só retomar a catequese formal ao final da pandemia, afinal temos maneiras seguras com opções online. A catequese virtual deve ser seriamente pensada e preparada já que poderemos ser novamente vítimas desse tipo de vírus. Para isso é preciso uma atualização do modo de preparo e trabalho das Pastorais da Catequese. levando, é claro, em conta as comunidades cujo acesso a internet é quase nulo também. Será um trabalho muito importante se pensar numa nova maneira de se realizar a catequese. Uma maneira mais moderna, para não se perder o foco da importância desse Ministério.

É o momento de se pensar nisso, tanto os catequistas quanto o clero, afinal da catequese depende a continuidade também da igreja. É preciso acolher sempre.

Penso ser urgente essa questão, até mesmo em se pensar nas celebrações online. Claro que repensar o conteúdo, a dinâmica dos encontros e a interação para que a vivência na fé seja também rica. Avaliar as experiências e criar novas maneiras também.

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Do latim tadio catechesis, por sua vez do grego κατήχησις, derivado do verbo κατηχέω que significa “instruir a viva voz”.

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Catecismo da Igreja Católica

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Prólogo

  1. Transmitir a fé – a catequese
  2. Bem cedo se chamou catequese ao conjunto de esforços empreendidos na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a acreditar que Jesus é o Filho de Deus, a fim de, pela fé, terem a vida em seu nome, e para os educar e instruir nessa vida, construindo assim o Corpo de Cristo (2).
  3. «A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, que compreende especialmente o ensino da doutrina cristã, ministrado em geral dum modo orgânico e sistemático, em ordem à iniciação na plenitude da vida cristã» (3).
  4. Sem se confundir com eles, a catequese articula-se com um certo número de elementos da missão pastoral da Igreja que têm um aspecto catequético, preparam para a catequese ou dela derivam: o primeiro anúncio do Evangelho ou pregação missionária, para suscitar a fé; a busca das razões de acreditar; a experiência da vida cristã; a celebração dos sacramentos; a integração na comunidade eclesial; o testemunho apostólico e missionário (4)
  5. «A catequese está intimamente ligada a toda a vida da Igreja. Dependem essencialmente dela não só a expansão geográfica e o crescimento numérico, mas também, e muito mais ainda, o crescimento interior da Igreja e a sua conformidade com o desígnio de Deus» (5).
  6. Os períodos de renovação da Igreja são também tempos fortes de catequese. Assim, na grande época dos Padres da Igreja, vemos santos bispos consagrarem parte importante do seu ministério à catequese, como por exemplo São Cirilo de Jerusalém, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, Santo Agostinho e tantos outros Padres, cujas obras catequéticas continuam a ser modelo.
  7. O ministério da catequese vai buscar energias sempre novas aos concílios. O Concílio de Trento constitui, a este respeito, um exemplo a sublinhar: nas suas constituições e decretos, deu prioridade à catequese; está na origem do Catecismo Romano que tem o seu nome e que constitui um trabalho de primeira ordem como compêndio da doutrina cristã; fez nascer na Igreja uma organização notável da catequese; e, graças a santos bispos e teólogos, como São Pedro Canísio, São Carlos Borromeo, São Toríbio de Mogrovejo e São Roberto Belarmino, levou à publicação de numerosos catecismos.
  8. Não admira, pois, que, na sequência do II Concílio do Vaticano (que o Papa Paulo VI considerava como o grande catecismo dos tempos modernos), a catequese da Igreja tenha de novo chamado a atenção. O Directório catequético geral, de 1971; as sessões do Sínodo dos Bispos consagradas à evangelização (1974) e à catequese (1977): e as exortações apostólicas correspondentes — Evangelii nuntiandi (1975) e Catechesi tradendae (1979) — são disso bom testemunho. A assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos de 1985 pediu: «que seja redigido um catecismo ou compêndio de toda a doutrina católica, tanto no tocante à fé como no que respeita à moral» (6). O Santo Padre João Paulo II fez seu este voto do Sínodo dos Bispos. Reconheceu que «tal desejo corresponde inteiramente a uma verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares»(7). E pôs todo o seu empenho cm que se concretizasse este desejo dos Padres sinodais.

CIC 1697. Na catequese, importa revelar com toda a clareza a alegria e as exigências do caminho de Cristo(19). A catequese da «vida nova» n’Ele (Rm 6, 4), deve ser:

– uma catequese do Espírito Santo, mestre interior da vida segundo Cristo, doce hóspede e amigo que inspira, guia, retifica e fortalece essa vida;

– uma catequese da graça, pois é pela graça que somos salvos e é também pela graça que as nossas obras podem ser frutuosas para a vida eterna;

 uma catequese das bem-aventuranças, porque o caminho de Cristo se resume nelas e é o único caminho da felicidade eterna a que o coração do homem aspira;

– uma catequese do pecado e do perdão, porque, sem se reconhecer pecador, o homem não pode conhecer a verdade sobre si mesmo, condição dum procedimento justo: e, sem a oferta do perdão, não seria capaz de suportar aquela verdade;

– uma catequese das virtudes humanas, que faz apreender a beleza e o atrativo das retas disposições para o bem;

– uma catequese das virtudes cristãs da fé, esperança e caridade, que se inspira abundantemente no exemplo dos santos;

– uma catequese do duplo mandamento da caridade exposto no decálogo;

– uma catequese eclesial, porque é nas múltiplas permutas dos «bens espirituais», na «comunhão dos santos», que a vida cristã pode crescer, desenvolver-se e comunicar-se.

CIC 1698. A referência, primeira e última, desta catequese será sempre o próprio Jesus Cristo, que é «o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). De olhos postos n’Ele com fé, os cristãos podem esperar que Ele próprio realize neles as suas promessas e, amando-O com o amor com que Ele os amou, podem fazer as obras correspondentes à sua dignidade:

«Rogo-te que penses em nosso Senhor Jesus Cristo como tua verdadeira cabeça, e em ti como um dos seus membros. Ele é para ti como a cabeça para os membros. Tudo o que é d’Ele é teu: o espírito, o coração, o corpo, a alma e todas as faculdades. Deves usar de todas elas como se fossem realmente tuas, para servir, louvar, amar e glorificar a Deus. Tu és para Ele como um membro em relação à cabeça: e, por isso, também Ele deseja ardentemente servir-Se de todas as tuas faculdades como se fossem suas, para servir e glorificar o Pai» (20).
«Para mim, viver é Cristo» (Fl 1, 21).

Papa institui o Ministério de Catequista (Motu Proprio “Antiquum ministerium”)

Noticia

Sempre defendi que a Catequese fosse além de Pastoral, um Ministério da Igreja Católica. Até falei disso num artigo nesse blog. É simplesmente algo extremamente importante para a formação e até a acolhida do fiel. É o inicio dos Sacramentos da Iniciação Cristã. Agora falta aguardar  A noticia rodou o mundo. Leia a integra publicada no site do vaticano:

O Papa institui o Ministério de Catequista

Foi publicado no dia 11 de maio de 2021 o Motu Proprio “Antiquum ministerium” com o qual Francisco institui o ministério de catequista: uma necessidade urgente para a evangelização no mundo contemporâneo, a ser realizada sob forma secular, sem cair na clericalização

Isabella Piro – Vatican News

“Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente” são “as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo”: assim escreve o Papa Francisco no Motu próprio “Antiquum ministerium” – assinado ontem, 10 de maio, memória litúrgica de São João de Ávila, presbítero e doutor da Igreja – com o qual institui o ministério de catequista. No contexto da evangelização no mundo contemporâneo e diante da “imposição de uma cultura globalizada”, de fato, “é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese”. Além disso o Pontífice enfatiza a importância de “um encontro autêntico com as gerações mais jovens”, como também “a necessidade de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária da Igreja”.

Um novo ministério, mas com origens antigas

O novo ministério tem origens muito antigas que remontam ao Novo Testamento: de forma germinal, é mencionado, por exemplo, no Evangelho de Lucas e nas Cartas de São Paulo Apóstolo aos Coríntios e aos Gálatas. Mas “toda a história da evangelização nestes dois milênios”, escreve o Papa, “manifesta com grande evidência como foi eficaz a missão dos catequistas”, que asseguraram que “a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano”, chegando ao ponto de “até dar a sua vida” para este fim. Por isso desde o Concílio Vaticano II tem havido uma crescente consciência de que “a tarefa do catequista é da maior importância”, bem como necessária para o “desenvolvimento da comunidade cristã”. Ainda hoje, continua o Motu Proprio, “muitos catequistas competentes e perseverantes” realizam “uma missão insubstituível na transmissão e no aprofundamento da fé”, enquanto uma “longa série” de beatos, santos e mártires catequistas “marcaram a missão da Igreja”, constituindo “uma fonte fecunda para toda a história da espiritualidade cristã”.

Transformar a sociedade através dos valores cristãos

Sem diminuir em nada a “missão própria do bispo, o primeiro catequista na sua diocese”, nem a “responsabilidade peculiar dos pais” quanto à formação cristã de seus filhos, portanto, o Papa exorta a valorizar os leigos que colaboram no serviço da catequese, indo ao encontro “dos muitos que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã”. É tarefa dos Pastores – destaca ainda Francisco – reconhecer “ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade através da penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico”.

Evitar formas de clericalização

Testemunha da fé, mestre, mistagogo, acompanhante e pedagogo, o catequista – explica o Pontífice – é chamado a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé desde o primeiro anúncio até a preparação para os sacramentos da iniciação cristã, incluindo a formação permanente. Mas tudo isso só é possível “através da oração, do estudo e da participação direta na vida da comunidade”, para que a identidade do catequista se desenvolva com “coerência e responsabilidade”. Receber o ministério laical de catequista, de fato, “imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada batizado”. E deve ser desempenhado – recomenda Francisco – “de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização”.

Congregação para o Culto Divino publicará Rito de Instituição

O ministério laical de catequista também tem “um forte valor vocacional” porque “é um serviço estável prestado à Igreja local” que requer “o devido discernimento por parte do bispo” e um Rito de Instituição especial que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicará em breve. Ao mesmo tempo – assinala o Pontífice – os catequistas devem ser homens e mulheres “de fé profunda e maturidade humana”; devem participar ativamente da vida da comunidade cristã; devem ser capazes de “acolhimento, generosidade e uma vida de comunhão fraterna”; devem ser formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico; devem ter amadurecido a prévia experiência da catequese; devem colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos e “ser animados por um verdadeiro entusiasmo apostólico”.

O convite do Papa para as Conferências Episcopais

Por fim, o Papa convida as Conferências Episcopais a “tornarem realidade o ministério de catequista”, estabelecendo o iter formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço e em conformidade com o Motu próprio que poderá também ser recebido, “com base no próprio direito particular”, pelas Igrejas Orientais.

Vatican.news.va

https://www.cnbb.org.br/papa-francisco-institui-o-ministerio-de-catequista/

Antiquum Ministerium

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CARTA APOSTÓLICA
SOB FORMA DE «MOTU PROPRIO»

DO SUMO PONTÍFICE
FRANCISCO

ANTIQUUM MINISTERIUM

PELA QUAL SE INSTITUI O
MINISTÉRIO DE CATEQUISTA

1. MINISTÉRIO ANTIGO é o de Catequista na Igreja. Os teólogos pensam, comumente, que se encontram os primeiros exemplos já nos escritos do Novo Testamento. A primeira forma, germinal, deste serviço do ensinamento achar-se-ia nos «mestres» mencionados pelo apóstolo Paulo ao escrever à comunidade de Corinto: «E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros» (1 Cor 12, 28-31).

O próprio Lucas afirma, na abertura do seu Evangelho: «Resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los [os factos que entre nós se consumaram] a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo, a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído» (Lc 1, 3-4). O evangelista parece bem ciente de estar a fornecer, com os seus escritos, uma forma específica de ensinamento que permite dar solidez e vigor a quantos já receberam o Batismo. E voltando ao mesmo tema, o apóstolo Paulo recomenda aos Gálatas: «Mas quem está a ser instruído na Palavra esteja em comunhão com aquele que o instrui, em todos os bens» (Gal 6, 6). Como se vê, o texto acrescenta uma peculiaridade fundamental: a comunhão de vida como caraterística da fecundidade da verdadeira catequese recebida.

2. Desde os seus primórdios, a comunidade cristã conheceu uma forma difusa de ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja. Os carismas, que o Espírito nunca deixou de infundir nos batizados, tomaram em certos momentos uma forma visível e palpável de serviço à comunidade cristã nas suas múltiplas expressões, chegando ao ponto de ser reconhecido como uma diaconia indispensável para a comunidade. E assim o interpreta o apóstolo Paulo, com a sua autoridade, quando afirma: «Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum. A um é dada, pela ação do Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas, no único Espírito; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Tudo isto, porém, o realiza o único e o mesmo Espírito, distribuindo a cada um, conforme lhe apraz» (1 Cor 12, 4-11).

Por conseguinte é possível reconhecer, dentro da grande tradição carismática do Novo Testamento, a presença concreta de batizados que exerceram o ministério de transmitir, de forma mais orgânica, permanente e associada com as várias circunstâncias da vida, o ensinamento dos apóstolos e dos evangelistas (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, 8). A Igreja quis reconhecer este serviço como expressão concreta do carisma pessoal, que tanto favoreceu o exercício da sua missão evangelizadora. Olhar para a vida das primeiras comunidades cristãs, que se empenharam na difusão e progresso do Evangelho, estimula também hoje a Igreja a perceber quais possam ser as novas expressões para continuarmos a permanecer fiéis à Palavra do Senhor, a fim de fazer chegar o seu Evangelho a toda a criatura.

3. Toda a história da evangelização destes dois milénios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos catequistas. Bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano. Além disso, alguns reuniram à sua volta outros irmãos e irmãs, que, partilhando o mesmo carisma, constituíram Ordens religiosas totalmente dedicadas ao serviço da catequese.

Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequístico. Homens e mulheres, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida. Também nos nossos dias, há muitos catequistas competentes e perseverantes que estão à frente de comunidades em diferentes regiões, realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé. A longa série de Beatos, Santos e Mártires catequistas que marcou a missão da Igreja, merece ser conhecida, pois constitui uma fonte fecunda não só para a catequese, mas também para toda a história da espiritualidade cristã.

4. A partir do Concílio Ecuménico Vaticano II, a Igreja apercebeu-se, com renovada consciência, da importância do compromisso do laicado na obra de evangelização. Os Padres conciliares reafirmaram várias vezes a grande necessidade que há, tanto para a implantação da Igreja como para o crescimento da comunidade cristã, do envolvimento direto dos fiéis leigos nas várias formas em que se pode exprimir o seu carisma. «É digno de elogio aquele exército com tantos méritos na obra das missões entre pagãos, o exército dos catequistas, homens e mulheres, que, cheios do espírito apostólico, prestam com grandes trabalhos uma ajuda singular e absolutamente necessária à expansão da fé e da Igreja. Hoje em dia, em razão da escassez de clero para evangelizar tão grandes multidões e exercer o ministério pastoral, o ofício dos catequistas tem muitíssima importância» (Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Ad gentes, 17).

A par do rico ensinamento conciliar, é preciso referir o interesse constante dos Sumos Pontífices, do Sínodo dos Bispos, das Conferências Episcopais e dos vários Pastores, que, no decorrer destas décadas, imprimiram uma notável renovação à catequese. O Catecismo da Igreja Católica, a Exortação apostólica Catechesi tradendae, o Diretório Catequístico Geral, o Diretório Geral da Catequese, o recente Diretório da Catequese, juntamente com inúmeros Catecismos nacionais, regionais e diocesanos são expressão do valor central da obra catequística, que coloca em primeiro plano a instrução e a formação permanente dos crentes.

5. Sem diminuir em nada a missão própria do Bispo – de ser o primeiro Catequista na sua diocese, juntamente com o presbitério que partilha com ele a mesma solicitude pastoral – nem a responsabilidade peculiar dos pais relativamente à formação cristã dos seus filhos (cf. CIC cân. 774 §2; CCEO cân. 618), é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude do seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese (cf. CIC cân. 225; CCEO câns. 401 e 406). Esta presença torna-se ainda mais urgente nos nossos dias, devido à renovada consciência da evangelização no mundo contemporâneo (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 163-168) e à imposição duma cultura globalizada (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti100.138), que requer um encontro autêntico com as jovens gerações, sem esquecer a exigência de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária que a Igreja abraçou. Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente são as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo.

Despertar o entusiasmo pessoal de cada batizado e reavivar a consciência de ser chamado a desempenhar a sua missão na comunidade requer a escuta da voz do Espírito que nunca deixa faltar a sua presença fecunda (cf. CIC cân. 774 §1; CCEO cân. 617). O Espírito chama, também hoje, homens e mulheres para irem ao encontro de tantas pessoas que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã. É tarefa dos Pastores sustentar este percurso e enriquecer a vida da comunidade cristã com o reconhecimento de ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade através da «penetração dos valores cristãos no mundo social, político e económico» (Evangelii gaudium, 102).

6. O apostolado laical possui, indiscutivelmente, uma valência secular. Esta exige «procurar o Reino de Deus, tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 31). A sua vida diária é tecida de encontros e relações familiares e sociais, o que permite verificar como «são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que, só por meio deles, ela pode ser o sal da terra» (Lumen gentium, 33). Entretanto é bom recordar que, além deste apostolado, «os leigos podem ainda ser chamados, por diversos modos, a uma colaboração mais imediata no apostolado da Hierarquia, à semelhança daqueles homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo no Evangelho, trabalhando muito no Senhor» (Lumen gentium, 33).

No entanto, a função peculiar desempenhada pelo Catequista especifica-se dentro doutros serviços presentes na comunidade cristã. Com efeito, o Catequista é chamado, antes de mais nada, a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé que se desenvolve nas suas diferentes etapas: desde o primeiro anúncio que introduz no querigma, passando pela instrução que torna conscientes da vida nova em Cristo e prepara de modo particular para os sacramentos da iniciação cristã, até à formação permanente que consente que cada batizado esteja sempre pronto «a dar a razão da sua esperança a todo aquele que lha peça» (cf. 1 Ped 3, 15). O Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja. Uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade (cf. Cons. Pont. para a Promoção da Nova Evangelização, Diretório da Catequese, 113).

7. Com grande clarividência, São Paulo VI emanou a Carta apostólica Ministeria quaedam tendo em vista não só adaptar ao novo momento histórico os ministérios de Leitor e Acólito (cf. Carta ap. Spiritus Domini), mas também pedir às Conferências Episcopais para promoverem outros ministérios, entre os quais o de Catequista: «Além destes ministérios comuns a toda a Igreja Latina, nada impede que as Conferências Episcopais peçam outros à Sé Apostólica, se, por motivos particulares, julgarem a sua instituição necessária ou muito útil na sua região. Tais são, por exemplo, as funções de Ostiário, de Exorcista e de Catequista». O mesmo instante convite voltava na Exortação apostólica Evangelii nuntiandi, quando, ao pedir para saber ler as exigências atuais da comunidade cristã numa continuidade fiel com as origens, exortava a encontrar novas formas ministeriais para uma pastoral renovada: «Tais ministérios, novos na aparência mas muito ligados a experiências vividas pela Igreja ao longo da sua existência – por exemplo, o de Catequista (…) – , são preciosos para a implantação, a vida e o crescimento da Igreja e para a sua capacidade de irradiar a própria mensagem à sua volta e para aqueles que estão distantes» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 73).

Com efeito, não se pode negar que «cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicado, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé» (Evangelii gaudium, 102). Por conseguinte, receber um ministério laical como o de Catequista imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada um dos batizados que, no entanto, deve ser desempenhado de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização.

8. Este ministério possui uma forte valência vocacional, que requer o devido discernimento por parte do Bispo e se evidencia com o Rito de instituição. De facto, é um serviço estável prestado à Igreja local de acordo com as exigências pastorais identificadas pelo Ordinário do lugar, mas desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério. Convém que, ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Christus Dominus, 14; CIC cân. 231 §1; CCEO cân. 409 §1). Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico.

Assim, depois de ter ponderado todos os aspetos, em virtude da autoridade apostólica,

instituo

ministério laical de Catequista.

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos providenciará, dentro em breve, a publicação do Rito de Instituição do ministério laical de Catequista.

9. Convido, pois, as Conferências Episcopais a tornarem realidade o ministério de Catequista, estabelecendo o iter formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço que estas pessoas serão chamadas a desempenhar em conformidade com tudo o que foi expresso por esta Carta Apostólica.

10. Os Sínodos das Igrejas Orientais ou as Assembleias dos Hierarcas poderão receber quanto aqui estabelecido para as respetivas Igrejas sui iuris, com base no próprio direito particular.

11. Os Pastores não cessem de abraçar esta exortação que lhes recordavam os Padres conciliares: «Sabem que não foram instituídos por Cristo para se encarregarem por si sós de toda a missão salvadora da Igreja para com o mundo, mas que o seu cargo sublime consiste em pastorear  de tal modo os fiéis e de tal modo reconhecer os seus serviços e carismas, que todos, cada um segundo o seu modo próprio, cooperem na obra comum» (Lumen gentium, 30). O discernimento dos dons que o Espírito Santo nunca deixa faltar à sua Igreja seja para eles o apoio necessário para tornar concreto o ministério de Catequista para o crescimento da própria comunidade.

Quanto estabelecido por esta Carta Apostólica em forma de “Motu proprio”, ordeno que tenha vigor firme e estável, não obstante qualquer coisa em contrário ainda que digna de menção particular, e que seja promulgado mediante publicação no jornal L’Osservatore Romano, entrando em vigor no mesmo dia, e publicado depois no órgão oficial Acta Apostolicae Sedis.

Dado em Roma, junto de São João de Latrão, na Memória litúrgica de São João de Ávila, Presbítero e Doutor da Igreja, dia 10 de maio do ano de 2021, nono do meu pontificado.

Francisco


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